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101 anos de Paulo Freire: por que os extremistas o odeiam (ou temem) tanto?

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SISMMAC- Paulo Freire

De todas as personalidades brasileiras atacadas por extremistas nos últimos anos, Paulo Freire tem sido, uma das mais injustiçadas.

Mas por que isso vem acontecendo com aquele que é considerado como um dos maiores educadores da história da humanidade?

Primeiro, porque os extremistas precisam ter sempre um alvo para tratar como inimigo. O extremismo não vive sem um permanente estado de guerra.

Segundo, porque Paulo Freire propôs um modelo educacional que coloca em xeque as perspectivas mais tradicionais que servem para que as elites continuem construindo um ciclo de dominação e desigualdade a partir da educação, ao estimular que docentes forneçam meios para o desenvolvimento do pensamento crítico dos estudantes, a partir de reflexões sobre o seu entorno, e que os próprios professores reflitam sobre as relações de poder que existem dentro da sala de aula.

Paulo Freire, que faleceu em 2 de maio de 1997, completaria 101 anos hoje (19). As celebrações de seu centenário em sua terra natal, Recife-PE, foram realizadas apenas no último domingo (18) do ano por causa da pandemia de Covid-19.

 

Importância além das fronteiras

A importância de sua obra e reflexões para a busca de um mundo mais justo e igualitário ultrapassa as fronteiras do Brasil. Além de ser o terceiro autor mais citado no mundo nas áreas de ciências humanas, ele é o autor de língua portuguesa mais lido nas universidades de língua inglesa, inclusive naquelas consideradas as mais prestigiadas do mundo, como Harvard, Oxford, Stanford, MIT, Yale, Cambridge (onde há uma estátua em sua homenagem) e muitas outras. Seu livro Pedagogia do Oprimido está entre os 100 mais presentes nas disciplinas dessas instituições.

Reconhecido mundialmente por suas contribuições inovadoras e inspiradoras, Freire foi escolhido oficialmente como o Patrono da Educação no Brasil e já recebeu incontáveis homenagens e prêmios ao redor do mundo, antes e depois de sua morte.

Há centros de estudos com seu nome na Finlândia, África do Sul, Áustria, Alemanha, Holanda, Portugal, Inglaterra, Estados Unidos e Canadá, e 41 universidades lhe concederam título de Doutor Honoris Causa.

 

Pedagogia do Oprimido

As ideias teóricas e as práticas didáticas de Paulo Freire se baseavam na convicção de que o conteúdo lecionado é melhor apreendido pelos educandos se tiver uma conexão dialética com sua realidade.

Assim, essa nova pedagogia se contrapunha ao que o educador chamava de “educação bancária”, metodologias e práticas de ensino atrasadas, tecnicistas e alienantes, que não contribuíam para o desenvolvimento da autonomia dos educandos.

Como apontou em seu livro Pedagogia do Oprimido, “nenhuma pedagogia que seja verdadeiramente libertadora pode permanecer distante do oprimido, tratando-os como infelizes e apresentando-os aos seus modelos de emulação entre os opressores. Os oprimidos devem ser o seu próprio exemplo na luta pela sua redenção”.

Produzido em 1968, Pedagogia do Oprimido é o livro mais conhecido de Paulo Freire, e foi proibido pela ditadura militar no Brasil até 1974.

São reflexões como essas que fazem com que as elites estimulem o ódio contra Paulo Freire, tentando transferir a ele a culpa pelos problemas educacionais do Brasil (que, na verdade, são causados pela falta de investimentos, pela desvalorização dos profissionais e pela forma como as próprias elites querem conduzir o processo educacional no nosso país), como se houvesse um projeto fechado, imposto na educação de todo o país (como os governos Temer e Bolsonaro fizeram com a BNCC atual).

 

Contribuição para além da alfabetização

A metodologia de alfabetização de adultos desenvolvida por Paulo Freire alcançou resultados expressivos em pouco tempo, influenciando de lá para cá inúmeros programas de alfabetização e produções teóricas sobre o tema, no Brasil e no mundo.

Mas as contribuições de Freire, que ficou fora do Brasil por 15 anos, entre 1964 e 1979, por conta da ditadura militar então comandando o país, não se restringem apenas ao campo da alfabetização, e sequer apenas à Educação, área onde é uma referência incontestável.

Sua vida e obra primam pelo respeito ao outro, pela busca da construção coletiva de soluções e, principalmente, pelo trabalho constante e incansável em defesa da democracia, da liberdade e do fim das desigualdades.

 

Fonte: SISMMAC

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