Osama Bin Laden já deixou de ser o homem mais procurado do mundo. Hoje a maior ameaça ao império é o ciberguerrilheiro Julian Assange. Australiano, 39 anos, ele é líder na organização Wikileaks, que no último final de semana de novembro divulgou o maior vazamento de informações confidenciais da História.
Os 251 mil documentos foram oferecidos a cinco grandes publicações dos EUA e da Europa, e a toda a comunidade internacional, pelo site Wikileaks. São trocas de mensagens entre diplomatas americanos e o Departamento de Defesa dos EUA.
Ação libertária apavora a direita mundial e incomoda os governos. Por muito tempo que ainda vai repercutir na diplomacia internacional.
No Brasil, a melhor fonte é o site www.operamundi.com.br, que tem Natália Viana como referência. A jornalista afirma que “Assange busca furar o cerco de imprensa internacional e da maneira como ela acaba dominando a interpretação que o público vai dar aos documentos”.
Desde abril, o Wikileaks vem incomodando o governo dos EUA, quando revelou vídeo com execuções na guerra do Iraque. Em julho, divulgou os diários da guerra no Afeganistão, com sérios indícios de crimes de guerra.
No mês seguinte, Assange participou de palestras na Suécia a convite do Partido Pirata, que defende a abolição dos direitos de autor e a liber-dade na internet. O partido tem representante no parlamento europeu.
O ativista admite que teve relações com mulheres que conheceu no encontro. A situação gerou um processo com acusação de sexo sem preservativo, que deriva para abuso sexual e estupro. Algo meio kafkiano.
Foi estourar o escândalo da diplomacia americana, soou o alerta na interpol para vigiar o líder da Wikileaks. A Amazon deixou de hospedar o site. O serviço foi mantido porque é sustentado por outros servidores.
Com o cerco se fechando, Assange organizou estratégia para preservar sua vida e a de sua família. Divulgou que tem documentos secretos sobre a prisão de Guantânamo e a empresa petrolífera BP. As mensagens criptografadas ainda não foram decifradas, mas já foram baixadas por mais de cem mil usuários em todo o mundo. Caso algo aconteça com ele, a senha que permite a compreensão do material será divulgada.
Sobre o Brasil há 2855 no total, sendo 1947 da embaixada e 908 de consulados. As inconfidências do embaixador americano Clifford Sobel deixaram o ministro da Defesa Nelson Jobim em maus lençóis. Muita coisa deve aparecer por aí.
O Wikileaks faz a defesa radical da transparência. Toda informação relevante deve ser distribuída. As-sange e o grupo de colaboradores que reuniu em todo o mundo acreditam que, com a ajuda da internet, é possível levar a democracia a um patamar nunca imaginado, em que todo poder tem de estar preparado para prestar contas sobre seus atos, define Natália Viana.