A Prefeitura de Curitiba divulgou na semana passada, dia 10 de julho, o resultado de um estudo baseado no Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que revela que o número de analfabetos com mais de 15 anos de idade em Curitiba caiu de 3,38% para 2,13% entre 2000 e 2010.
A erradicação do analfabetismo é uma reivindicação histórica dos trabalhadores da educação e trata-se de um avanço social extremamente importante. Entretanto, na ânsia de apresentar dados que possam ser utilizados para propagandear a política educacional de Curitiba, a pesquisa divulgada pela Prefeitura não revela a qualidade com que essa alfabetização é realizada.
Segundo relatório do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), apenas 25% da população brasileira possui nível pleno de habilidades de leitura, escrita e matemática. Além de o índice ser extremamente baixo, a pesquisa também revela que a quantidade de pessoas que atingiram o nível pleno de alfabetização se manteve estagnada ao longo desses dez anos.
E em Curitiba, quantos de nossos estudantes conseguem ler e compreender textos longos e resolver problemas matemáticos, por exemplo? Por que a Prefeitura não tem interesse em pesquisar e divulgar o percentual do nível pleno de alfabetização em nossa cidade?
Não basta abrir escolas e creches e resolver o problema do acesso à educação, sem garantir estrutura e qualidade adequadas para que a população termine seus estudos devidamente alfabetizada.
Há muitos anos, a Prefeitura de Curitiba investe em uma política educacional que privilegia apenas o aspecto quantitativo – o número de vagas nas escolas e creches e o resultado nas provas de avaliação, como o IDEB – em detrimento do aspecto qualitativo do trabalho pedagógico. É por isso que o fato de Curitiba ser classificada consecutivamente em 1º lugar no IDEB não se reflete em uma política séria de valorização do trabalho do professor e na busca de melhores condições de trabalho, com redução do número de alunos por sala de aula e revisão da portaria de dimensionamento.
Educação se faz com investimento e valorização do professor!
Confira matéria publicada pela ADITAL sobre o percentual de brasileiros que atingiram o nível pleno de alfabetização:
Somente 25% dos brasileiros têm nível pleno de leitura e cálculo
ADITAL: "Apesar dos avanços, tornam-se cada vez mais agudas as dificuldades para fazer com que os brasileiros atinjam patamares superiores de alfabetismo". Isso é o que aponta o relatório do Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf) Brasil 2011. O documento, elaborado pelo Instituto Paulo Montenegro e pela ONG Ação Educativa, destaca os resultados da análise dos níveis de alfabetismo da população brasileira entre 15 e 64 anos de idade.
Os dados, coletados entre dezembro de 2011 e abril deste ano, revelam uma melhoria no acesso à educação no país. Entretanto, o nível de leitura e cálculo da população brasileira ainda é baixo. De acordo com o informe, cerca 25% dos brasileiros possuem nível pleno de habilidades de leitura, escrita e matemática.
Em relação ao nível de alfabetismo nos últimos anos, o relatório mostra que a porcentagem de pessoas consideradas analfabetas diminuiu de 12%, em 2001/2002, para 6% em 2011. Redução que também pôde ser observada em relação ao analfabetismo funcional, o qual passou de 39%, em 2001/2002, para 27% em 2011.
Por outro lado, o documento chama a atenção para o fato de que a quantidade de pessoas que atingiram o nível pleno de alfabetização (as quais conseguem ler e compreender textos longos, resolver problemas matemáticos, interpretar tabelas e mapas, entre outras questões) se manteve estável nesses dez anos.
O relatório destaca ainda que mais da metade (57%) das pessoas que estão no ensino médio possui apenas o nível básico de alfabetização. Entre as pessoas que possuem ensino superior, apenas 62% possuem nível pleno.
Os dados do Inaf também chamam a atenção para a diferença de nível de alfabetização entre negros e brancos, e moradores de zona rural e urbana. Em 2011, a porcentagem de brancos que atingiram o nível de alfabetização funcional foi de 80% enquanto que entre os negros a porcentagem não ultrapassou os 64%.
Os avanços na área rural também ainda não foram suficientes para acabar com a desigualdade entre campo e cidade. Mesmo com o crescimento de pessoas com nível básico, a área rural ainda apresenta 44% de analfabetos funcionais, enquanto que a área urbana possui 24%.
Com base nos dados do Indicador de Alfabetismo Funcional, o relatório aponta a necessidade de investimento na qualidade do ensino dos brasileiros e na formação de professores, além de fortalecer o processo de alfabetização não apenas nos anos iniciais, mas ao longo dos demais níveis de ensino.
"Uma nova qualidade precisa ser construída, considerando as demandas de uso da leitura, escrita e matemática não só para a continuidade dos estudos, mas para a inserção, de forma eficiente e autônoma, no mundo do trabalho e do exercício da cidadania", finaliza.
Fonte: ADITAL – Agência de Informação Frei Tito para América Latina