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Sociedade precisa discutir autoridade da escola e conhecer o ECA

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Para se superar os desacertos que ocorrem nas escolas para a efetivação do ECA, o pesquisador e professor Luiz Cavalieri Bazílio, da Faculdade de Educação da UERJ, defende a recuperação da autoridade do professor dentro da escola e uma reavaliação do significado do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) por parte dos profissionais da área de educação.

Em entrevista à agência Notisa, Bazílio afirma que a autoridade da escola diante do aluno está em crise, o que seria um fator de tensão. “Ao longo do tempo, as relações se tornaram muito informais. Alguns ritos de poder e de autoridade importantes foram perdidos nesse processo e não foram substituídos por outros”, defende.

O professor faz questão de ressaltar que não se trata de uma volta ao autoritarismo do passado. “Há 40 anos, quando eu ainda era um estudante ginasial, o diretor entrava em sala e todos paravam de fazer tudo e ficavam de pé. Não estou defendendo que isso ocorra hoje, mas acho que tem que se pensar em outros formatos que retomem alguma liturgia de poder. A relação professor-aluno e a relação direção-aluno, na verdade, têm que se caracterizar como relações assimétricas em alguns momentos. Não dá para ser ‘coleguinha’ sempre”, afirma o pesquisador.

No decorrer do tempo, Bazílio identifica um esvaziamento do apoio pedagógico ao professor. “Minha percepção é a de que antes havia um suporte e que, hoje, o professor está mais sozinho diante do aluno”, critica. Por outro lado, faltaria à classe docente um diálogo maior entre si. “Acho que os professores têm discutido suas dificuldades de maneira pouco organizada, algo mais próximo do desabafo que do enfrentamento do problema em si”, diz.

Segundo Bazílio, parte dessa crise de autoridade vivida pela escola enquanto instituição e pelos educadores deve-se à má interpretação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), tanto por alunos, quanto por profissionais da educação.

O pesquisador participou de uma pesquisa junto a escolas do Rio de Janeiro, entre 2001 e 2004, e conta que alguns professores afirmaram que “a escola perdeu autoridade em função dos Conselhos Tutelares (criados após o ECA)”, o que não seria verdade. Ele cita como exemplo depoimentos colhidos durante o estudo em que o professor, diante de um aluno bagunceiro, ameaça mandá-lo ao Conselho Tutelar.

Ou o inverso: estudantes que não acatam a ordem do professor para saírem de sala de aula, alegando que a medida é contra o ECA. “Há casos, inclusive, em que a guarda municipal é acionada para resolver conflitos dentro da escola. A atuação de um agente externo na solução de problemas internos só agrava a situação a médio e longo prazos”, afirma.

Bazílio admite que suas opiniões são polêmicas e que o consenso sobre o assunto é muito difícil.

Fonte: Agência Notisa e Adital

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