O SISMMAC recebeu na noite desta quinta-feira (10) o 3º Encontro da série “Abrindo o Livro 2023” para analisar a obra “Presença Negra em Curitiba”. A atividade contou com a apresentação do grupo “Samba do Proletário”, que destaca, em seu repertório, compositores locais.
Em debate, esteve a obra, de autoria de Maria Luiza Gonçalves Baracho e Marcelo Saldanha Sutil, que relata a rica influência da comunidade afrodescendente na história da capital paranaense, concentrando-se no período que vai da pré-abolição aos anos 1930.
O professor mestre Sandro Luís Fernandes, do Colégio Dom-Bosco e da Escola Municipal São Miguel, apresentou pinturas e fotos históricas para contar e ilustrar a atuação de mulheres e homens negros em diferentes áreas: militar, fabril, de transporte, artística e esportiva.
Uma das imagens exibidas foi a da Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos de São Benedito, construída por pessoas negras, já que não podiam frequentar a igreja dos brancos. Relembrou ainda a construção do Mercado Municipal, do Largo da Ordem, da fonte do chafariz da Praça Zacarias e da estrada de ferro ligando Curitiba a Paranaguá. Todas feitas por pessoas negras.
Em 6 de junho de 1888, o ano da abolição, a população escravizada fundou a Sociedade Operária Beneficente Treze de Maio, que segue em funcionamento até hoje. Segundo Sandro, no entanto, as reuniões para a organização começaram bem antes da criação. Já a Sociedade Protetora dos Operários de Curitiba, criada em 1883, era integrada por pessoas negras e brancas.
Além disso, falou sobre a segunda parte do livro, composta por artigos, que trazem à tona histórias de escravizados e ex-escravizados, os quais se ajudavam mutuamente, inclusive para alfabetização. Outra revelação foi o trabalho secreto dos integrantes da Sociedade Abolicionista Utimatum para a libertação dos escravizados.
Ao fim, o professor indicou obras para leitura, destacando a “Mobilização Negra em Curitiba”, da pesquisadora Pamela Fabris. Recomendou ainda visita à Linha Preta – um passeio pela história da população negra de Curitiba.
Personalidades negras
Durante a atividade, o SISMMAC fez o lançamento de um material educativo sobre relações étnico-raciais, que será distribuído às escolas de Curitiba neste semestre.
A Coleção Potências e Resistências ressalta personalidades negras e indígenas, entre elas, paranaenses, como o compositor e cantor Itamar Assumpção, a primeira engenheira negra do Brasil, Enedina Alves Marques, formada pela Universidade Federal do Paraná, e um dos mais importantes articuladores do movimento abolicionista, o engenheiro André Rebouças.
Certificado
Os participantes receberam certificado de participação por meio de uma parceria com o Projeto Diversitas Eventos, da Universidade Estadual de Maringá.
A próxima atividade será realizada na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), no dia 14 de setembro, quando será analisada a obra “Olhos d’água, de Conceição Evaristo.
Fonte: Sismmac.