O magistério de Curitiba intensifica, a partir desta semana, seu processo de organização e de luta com a realização de Fóruns Regionais. No dia 18 de outubro, professores, pedagogos, educadores e funcionários de escolas estiveram reunidos nas regionais do Cajuru e Boqueirão para debater as principais reivindicações da categoria e os problemas vividos nas escolas de Curitiba. Já no dia 20, as reuniões aconteceram no Bairro Novo e Pinheirinho.
Acumular forças para as próximas mobilizações
O principal assunto debatido nesses fóruns regionais foi a situação do Instituto Curitiba de Saúde (ICS) após a aprovação do novo regulamento. Esse espaço tinha como objetivo definir estratégias de mobilização dos servidores para se contrapor a tentativa de retirada de direitos feita pela Prefeitura.
Mesmo após o prefeito ter assumido, em ata de negociação com os sindicatos, o compromisso de suspender os pontos do novo regulamento prejudiciais aos servidores, o Conselho de Administração do ICS decidiu manter a proposta na íntegra.
Isso significa que, em breve, os servidores podem passar a sentir no bolso o conjunto de modificações que tendem encarecer o serviço sem nenhuma garantia de melhoria no atendimento. Todas as mudanças previstas tendem a apenas trazer prejuízo para o servidor, que vai pagar mais por um serviço que pode permanecer com a mesma qualidade ou ficar ainda mais precarizado. (Clique aqui para saber mais sobre o novo regulamento).
Na avaliação dos servidores, é preciso incluir a luta pelo ICS junto às demais reivindicações visando construir uma mobilização mais forte e coesa que possibilite ganhos concretos.
Para isso, os dois sindicatos que representam o funcionalismo municipal (SISMMAC e SISMUC) vão utilizar os Fóruns Regionais como forma de aprofundar o debate com a categoria e diagnosticar quais são as principais reivindicações, visando intensificar o processo de mobilização e acumular forças para os próximos embates com a Prefeitura.
Reivindicações
Além de debater a situação do ICS, o magistério também apresentou as principais questões que prejudicam o trabalho e angustiam os professores de cada uma das escolas representadas nos Fóruns.
Entre os pontos levantados estão:
• Condições de trabalho e a necessidade redimensionamento das turmas (diminuição do número de alunos por sala de aula);
• Infraestrutura das escolas;
• Baixos salários e a pouca valorização do magistério;
• Aplicação da Lei do Piso, principalmente, no que diz respeito a destinação de 33,33% da jornada de trabalho para hora-atividade;
• Valorização por tempo de serviço;
• Problemas gerados pela falta de professores (substituição, perda de permanência);
• Os impactos da flexibilização dos critérios de inclusão;
• Violência e insegurança nas escolas.
Regionalização
A proposta de realizar reuniões regionais surgiu, durante o período da campanha eleitoral para a direção do Sindicato, com o objetivo de ajudar na organização da categoria e de facilitar a participação de quem trabalha em locais distante do centro.
A experiência dos espaços realizados demonstra que, para além de ampliar a participação – movimento que tende a crescer à medida que essa iniciativa se consolide –, os Fóruns Regionais são instrumentos importantes para informar, debater e aproximar o Sindicato da categoria, priorizando, assim, o debate sobre os problemas apontados pelos professores que estão no chão da escola.
Confira a opinião de quem participou dos dois primeiros Fóruns Regionais:
“Eu achei muito interessante porque esse é o momento para trocar idéias e tirar dúvidas. Às vezes, o sindicato só vai ter noção do problema que o professor ou educador está passando na escola a partir do momento em que nós participamos e trazemos essa informação. Essa gestão do Sindicato está sendo bastante democrática e a categoria acredita muito nela”.
Aparecida Nunes Marques (Professora da Escola Municipal Dona Lula)
"Achei super legal o sindicato ter trazido esse debate para a regional porque podemos falar o que sentimos. Quando é uma atividade geral na sede do sindicato, às vezes não ficamos sabendo ou é muito difícil participar. Aqui na regional, além de ser mais perto da escola em que estamos, também já saímos direto da escola com as idéias do que podemos falar para contribuir com os professores e com a classe.
Achei bem interessante o espaço e foi bem organizado o material. Serviu também para que tivéssemos acesso a algumas informações que ainda não tínhamos. O Sindicato deu muita atenção àquilo que nos estávamos falando, fomos ouvidos e sentimos que nossas contribuições vão ser levadas em consideração"
Carla Mendonça (Professora da Escola Municipal Enéas Faria)
"O fórum regional foi bem esclarecedor. Podemos compartilhar a situação da nossa escola e ver como é que está esse processo em outras escolas também. Mesmo ainda com a pouco procura, acho que esse é o caminho. Não tem porque o sindicato ficar longe da base, a realização das atividades regionais facilita o acesso, o transporte. Esse é o caminho necessário para que mais pessoas participem dos espaços do sindicato".
Wagner Rodrigues Batista (Professor da Escola Municipal CEI David Carneiro)
"A realização desses fóruns regionais é um começo importante. Percebemos que as pessoas ainda continuam colocando dificuldades para participar, mesmo que a atividade aconteça dentro da própria escola. Mas acho que talvez seja um início, com as pessoas que participaram voltando para escola, falando sobre o que aconteceu e trazendo mais pessoas para os próximos.
Hoje, as pessoas estão acostumadas a achar que só o representante deve participar das atividades do sindicato. Precisamos mostrar esse novo enfoque, que o sindicato somos nós e não só os representantes, para incentivar as pessoas a participarem mais"
Danieli Rueda Kroich (Professora da Escola Municipal Prefeito Linneu Ferreira do Amaral)
"O espaço foi bom, bem produtivo. Foi uma ótima oportunidade para que nós pudéssemos ver, enquanto núcleo, do que as escolas estão precisando. Ficou bem claro que o sindicato está preocupado com as escolas em si, com as especificidades de cada uma, mas também com os problemas que nós temos em comum, em como transformar isso em reivindicação coletiva.
Como uma das professores falou no fórum, nós temos que ter sempre como meta agregar mais um para cada próxima atividade. Trazer mais gente porque quanto mais pessoas forem informadas e mobilizadas, maior será o nosso movimento.
Silvia Letícia Rimaldim Vieira (Professora da Escola Municipal CEI Maestro Bento Mussurunga)