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Sauna de aula: escolas de Curitiba sofrem com calor por falta de estrutura adequada

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Calor-escolas (1)

Os recordes de calor que têm sido observados em diversas cidades do Brasil desde o final do ano passado, incluindo em Curitiba (conhecida por suas temperaturas mais amenas), devem servir de alerta sobre uma questão extremamente relevante para a educação: a necessidade de adequação das estruturas físicas das escolas da rede municipal de ensino para garantir um ambiente de aprendizado confortável e seguro para alunos, professoras e professores. 

O SISMMAC vem recebendo denúncias de docentes de várias unidades sobre a situação crítica, causada pelo excesso de calor. Segundo relatos, em várias delas, há dias em que é quase impossível ficar dentro da sala de aula, mesmo com os ventiladores. 

Os problemas são variados. Há muitas salas pequenas, apertadas, cuja estrutura não garante a circulação adequada de ar. Também há escolas nas quais o material do telhado não é apropriado e, por isso, não consegue impedir que o calor passe para dentro das salas.

Essas condições atrapalham os processos de ensino-aprendizagem, aumentam o cansaço, reduzem a capacidade de concentração dos alunos e prejudicam o aproveitamento das aulas. 

Além disso, representam riscos à saúde, como a desidratação e exaustão por calor. Segundo relatos de professoras, também é nítido o aumento de reclamações de crianças com dor de cabeça. 

Tudo isso gera aumento do desconforto emocional que, por sua vez, causa mais ansiedade e tensão, tanto para os alunos como para as professoras e professores.

O ambiente térmico inadequado também afeta o bem-estar e a saúde das professoras e dos professores, levando a um aumento do estresse, que pode se desdobrar em doenças do trabalho, como o burnout, por exemplo.

A direção do SISMMAC está cobrando da Prefeitura, para que seja implementado um plano de ação com urgência para as unidades em situação mais alarmante, além de providências para evitar que mais escolas sejam afetadas por novas ondas de calor.

 

Regiões críticas

Os relatos recebidos pelo SISMMAC vêm de professoras e professores que atuam em escolas de diversas regiões da cidade.

Segundo estudos da Rede Curitiba Climática, a partir de dados de 2020 do Plano de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas (Panclima), da Prefeitura Municipal, algumas regiões na nossa cidade concentram maiores riscos de ondas de calor, sendo que nessas áreas estão 55 CEIs e CMEIs, 26 escolas municipais e 37 estaduais:

– Regiões mais centrais, que concentram as construções mais verticalizadas (prédios), menos árvores e pouquíssimas áreas verdes, formando um triângulo entre os bairros Prado Velho, Batel e Ahú;

– Regiões com bastante densidade populacional, pouca área verde e poucas árvores nas vias: Boqueirão, Xaxim e Hauer;

– Áreas do Cajuru até o Tarumã;

– Partes da Cidade Industrial de Curitiba (CIC). 

 

Nessas regiões, as ondas de calor são mais frequentes, justamente por causa de problemas históricos de planejamento urbano, zoneamento e remoção descriminada de árvores (muitas vezes, para favorecer comerciantes que querem mais “visibilidade” das fachadas de seus estabelecimentos).

Segundo estudos do professor da UFPR Wilson Flavio Feltrim Roseghini, processos de urbanização são responsáveis por alterações que causam desequilíbrio ambiental nas cidades, ocasionando alterações de temperatura e da umidade do ar, que acabam comprometendo o conforto térmico (sensação de bem-estar térmico) urbano.


 

Melhorias na infraestrutura e nas condições de trabalho

Além de implementar um novo modelo de urbanização, para reduzir a incidência de ondas de calor nas regiões mais críticas da cidade, a Prefeitura de Curitiba deve promover adequações estruturais nas escolas, garantindo a ventilação e a climatização adequadas, além de redesenhar e ampliar os espaços para maximizar a ventilação natural. A instalação de telhados termo acústicos seria uma medida eficaz para reduzir o calor excessivo, já que esses telhados refletem a radiação solar e proporcionam isolamento térmico.

É inadmissível que a Prefeitura se vanglorie por estabelecer estratégias de sustentabilidade, mas não pense em como melhorar a infraestrutura escolar para garantir ambientes de aprendizado confortáveis e a promoção de práticas pedagógicas que sejam flexíveis e adaptáveis às condições climáticas.

Além disso, a Prefeitura deve ampliar, com urgência, o chamamento de mais profissionais que foram aprovados no último concurso, para evitar a superlotação das salas de aula.

O SISMMAC continuará cobrando a implementação de estratégias focadas na melhoria das condições físicas das escolas e das condições de trabalho das professoras e dos professores, bem como na promoção de políticas públicas que considerem a sustentabilidade e o bem-estar na educação.

Fonte: Sismmac

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