OPERA MUNDI: Um batalhão de policiais da África do Sul abriu fogo nesta quinta-feira (16/08) contra um grupo de mineiros que organizava uma greve na cidade de Marikana. Não se sabe ainda se os oficiais empregaram projéteis letais ou de borracha. Testemunhas disseram à emissora britânica BBC que "há corpos no chão, alguns com ferimentos na testa”.
Policiais alegam que os trabalhadores carregavam machetes, o que os obrigou a agir em defesa própria. Momentos antes eles exigiam que a multidão se dispersasse. A tensão na região teve início com a morte de dez trabalhadores no final da semana passada após confrontos entre sindicatos rivais.
Na última quarta-feira (15/08), três mil policiais de elite, assistidos pela cavalaria e por helicópteros, se deslocaram até Marikana para conter os protestos dos mineiros. A versão oficial é de que os trabalhadores estariam arremessando coquetéis molotov contra os agentes.
A mina de Marikana é responsável pela produção de 12% da oferta mundial de platina e pertence à companhia britânica de mineração Lonmin. Em nota, a empresa classifica o contexto de violência como “lamentável”, mas diz que considera “bem-vindo o reforço das ações policiais” no entorno de seu empreendimento.
Em decorrência da violência, as ações da Lonmin listadas na Bolsa de Londres sofreram uma queda de 5% e passaram a ser negociadas a pouco mais de dez dólares.
"Hoje é infelizmente o dia D", declarou o porta-voz da polícia sul-africana Dennis Adriao. O governo considera as manifestações como uma "concentração ilegal” e se diz pronto para agir de forma “tática” caso negociações falhem.
Com um megafone, Joseph Mathunjwa, presidente da AMCU (Associação de Mineiros e Operários da Construção Civil), respondeu às ordens policiais declarando que os trabalhadores "não irão a lugar algum”. "Se necessário, estamos prontos para morrer aqui”, bradava.
Pelo menos três pessoas foram mortas em um confronto similar no último mês de janeiro, quando as maiores minas de platina do mundo passaram seis semanas fechadas e elevaram em 15% a cotação do minério.
A África do Sul detém o equivalente a 80% das reservas de platina do planeta, mas a elevação dos custos de prospecção e uma queda substantiva nas cotações do metal ao longo dos últimos meses tem agravado as condições de vida dos trabalhadores do setor.
Fonte: Redação – Opera Mundi