O anúncio do fechamento de dois cursos de licenciatura na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) deu início a uma série de protestos por parte dos alunos. Na semana passada, a PUCPR informou às coordenações dos cursos de Letras Português e Letras Português/Espanhol que não seriam abertas vagas para esses dois cursos no próximo vestibular de verão. Os estudantes afirmam que serão prejudicados, reclamam da falta de diálogo por parte da reitoria e acusam a universidade de contradição, por não seguir os princípios que prega.
Protestos
A primeira manifestação ocorreu na quarta-feira passada (14) quando alunos e professores dos cursos de Letras saíram em passeata pela universidade. “Andamos de bloco em bloco com cartazes e apitos protestando contra essa ação, que nem justificada foi”, diz a aluna Caroline Milanezi. Segundo conta, embora a manifestação tenha sido pacífica, os seguranças de alguns blocos impediram os alunos de entrar. De acordo com a aluna, o ato teria reunido em torno de trezentas pessoas. Um vídeo foi postado no YouTube.
Segundo Caroline, embora a universidade garanta que os atuais alunos completarão seu curso, aqueles que trancaram suas matrículas ou pegaram dependências não teriam como cursar as disciplinas dos primeiros períodos. “Esse pessoal perdeu tempo e dinheiro”, lamenta.
A estudante informa ainda que, primeiramente, os professores do curso aderiram aos protestos, mas após a repercussão do primeiro ato os docentes foram proibidos pela universidade de aparecerem em vídeos e fotos, limitando-se a emitirem opiniões oralmente. A reportagem tentou contato com alguns dos professores, mas eles se recusaram a dar entrevistas.
Outras manifestações ocorreram na quinta e sexta-feira. Nesta segunda-feira (19), o centro acadêmico do curso de Letras realiza uma assembleia geral com os estudantes. Após o evento alguns de seus representantes devem se encontrar com pró-reitores da universidade para tratar do impasse. Um carro de som foi providenciado pelos manifestantes para dar visibilidade ao movimento.
Contradição
Embora os possíveis problemas práticos relacionados à grade curricular sejam citados pelos alunos, é a justificativa da universidade o que tem incomodado mais os manifestantes. Segundo o estudante Tiago de Matos de Oliveira, um dos líderes das manifestações, o motivo do fechamento é apenas comercial. “Alegaram que há pouca procura pelos cursos, mas ninguém acredita nisso já que todos os anos esse curso enche pelo menos duas salas”, diz.
Segundo Oliveira, num encontro ocorrido na semana passada entre os manifestantes e representantes da universidade, a PUCPR alegou que a medida é consequência de uma determinação do MEC exigindo que as bolsas fossem distribuídas igualmente entre todos os cursos. Assim, a universidade não poderia direcionar um número maior de bolsas aos cursos de licenciatura, como fazia até então. “Estão visando só o retorno financeiro. A PUCPR perdeu aquela visão marista de educação”, lamenta.
Procurada pela reportagem, a assessoria da PUCPR se limitou a emitir uma nota confirmando a não abertura de vagas no próximo vestibular. A instituição optou por não comentar as manifestações.
Fonte: Gazeta do Povo