Na segunda-feira (19), um bebê de quatro meses morreu em uma creche clandestina na região do Tatuquara, em Curitiba. A tragédia, que comove a cidade, é resultado direto da negligência com a educação infantil durante as gestões Greca e Bacila.
Segundo o delegado responsável, a creche funcionava irregularmente há 10 anos. E antes que alguém pergunte se a Prefeitura desconhecia a situação, a responsável pelo espaço afirmou a um jornal que recebeu visita da Vigilância Sanitária há cerca de dois anos — o que foi confirmado pela própria Prefeitura. A proprietária também relatou que, no fim de 2024, o Conselho Tutelar esteve no local.
Agora, cabe às autoridades fazerem uma apuração séria, afinal, uma creche clandestina em funcionamento por uma década, com registros de visitas do poder público, e nada foi feito: isso não é falha isolada — é consequência de uma política deliberada de abandono e descaso.
A investigação precisa ir além da responsabilização dos donos do espaço. É preciso apurar com o rigor da lei a omissão do poder público. Não há justiça verdadeira sem enfrentar a causa estrutural: a opção adotada pelo grupo que controla a Prefeitura desde 2017, que escolheu não garantir o direito das crianças à educação infantil, enquanto desmonta serviços públicos essenciais.
A falta de vagas empurra famílias, muitas vezes, a atitudes desesperadas, como o uso de creches clandestinas. Segundo a Defensoria Pública do Paraná, Curitiba tem hoje déficit de mais de 11 mil vagas em creches. As gestões Greca e Bacila sempre souberam disso mas não ampliaram o acesso e, basicamente, se limitaram a inaugurar obras iniciadas por gestões anteriores.
A atual gestão da Prefeitura implementa o vale-creche que, além de paliativo, é ineficaz e representa riscos às próprias crianças, ao repassar a responsabilidade à iniciativa privada sem garantir controle e fiscalização adequados.
O SISMMAC se solidariza com a família do bebê e reforça: nenhuma vida pode ser perdida por omissão do Estado. A luta por vagas públicas, com estrutura e profissionais valorizados, é, também, uma luta pela vida.