O magistério municipal de Curitiba repudia o artigo escrito por Gustavo Ioschpe para a Revista Veja. Gustavo Ioschpe é colunista da Veja, economista e especialista em educação, mas de educação mesmo não entende nada, muito menos dos problemas que professoras e professores enfrentam no chão da escola.
No texto intitulado “Professores, acordem!”, publish no dia 11 de maio no site da Veja, Ioschpe falta com o respeito não só os professores de todo o Brasil, mas com todas as trabalhadoras e trabalhadores do país.
O posicionamento da Revista Veja e de seus colaboradores já é amplamente conhecido. O ataque às organizações de trabalhadores, criminalização dos movimentos sociais e de suas lutas, o preconceito, a elitização e o conservadorismo apontam de que lado da luta de classes essa publicação está: ao lado dos empresários e daqueles que exploram os trabalhadores todos os dias. E é com esses olhos que devemos encarar as matérias publicadas pela Revista Veja.
No artigo, além de subestimar a falta de valorização dos profissionais do magistério, o adoecimento, e os baixos salários, ele ainda ironiza o fato de termos apoio das mães, pais, alunos e da população em geral para a nossa causa. Nós, professoras e professores, sabemos que esse apoio não acontece por acaso, e que os demais trabalhadores estão, sim, preocupados com as condições de trabalho de quem educa suas filhas e filhos. O que chamamos de salários dignos para sobreviver nessa sociedade, Ioschpe chama de “obsessão por salários”.
Ioschpe aponta que nos últimos anos os recursos que foram destinados para a educação aumentaram e usa como exemplo o Plano Nacional da Educação e os royalties do pré-sal.
O colunista só esqueceu-se de mencionar que os 10% do PIB para a educação são para daqui 10 anos. E que, após quase quatro anos tramitando no Congresso, a aguardada votação do Plano Nacional de Educação (PNE) no plenário da Câmara dos Deputados ainda não aconteceu.
Para além da demora, a versão que segue para votação no Plenário apresenta inúmeros recuos e não contempla as reivindicações dos movimentos ligados à educação. O principal problema diz respeito à meta 20, que prevê a destinação de 10% do PIB para a educação pública. Segundo o texto que segue para votação no Plenário, recursos destinados à iniciativa privada, como o ProUni e o Fies, poderão ser contabilizados como investimento em educação pública.
Diferentemente do que diz Ioschpe, a melhoria da qualidade da educação depende, sim, de mais investimentos e recursos. Não é a boa vontade do professor que vai fazer com que a educação melhore sem estrutura adequada, materiais de apoio, capacitação e valorização.
A nossa luta vai continuar, mesmo com os entraves colocados pela mídia burguesa que tenta, a todo custo, colocar os demais trabalhadores contra a nossa organização e mobilização. Professoras e professores, vamos à luta!