As professoras e professores da rede conhecem bem a realidade da alimentação que é oferecida para as crianças nas escolas. E sabemos que ela não é nada satisfatória. Analisando o funcionamento interno da gerência de alimentação escolar, esse quadro, que já não era bom, fica ainda pior.
Apenas quatro nutricionistas são responsáveis pelo controle e fiscalização das 265 mil refeições servidas por dia a cerca de 140 mil alunos da rede municipal. O Conselho Federal de Nutrição prevê que, no mínimo, seriam necessários 58 nutricionistas para atender este número de estudantes.
Representantes dos trabalhadores do magistério no Conselho de Alimentação Escolar (CAE) reivindicam desde 2011 a contratação imediata de, no mínimo, mais nove nutricionistas, uma para cada regional da educação. E mesmo com essa demanda urgente, representantes da administração municipal no CAE afirmam que essas contratações não serão possíveis para 2013 e que não há previsão para concurso na área de nutrição.
Além disso, para remendar o problema, a Prefeitura desviou de função três professoras da rede que também possuem formação em nutrição. Dessa forma, a administração agrava a falta de professores nas escolas e também não resolve o problema da falta de nutricionistas na rede. As nutricionistas que estão a serviço da rede municipal sofrem com a sobrecarga de trabalho e o resultado da atividade delas, a alimentação dos alunos, fica prejudicada.
Agricultura familiar
Desde que assumiu a administração municipal, a nova gestão afirma que fará as mudanças necessárias para a melhoria da alimentação das crianças nas escolas. Entretanto, não é isso que temos visto.
A aquisição dos gêneros alimentícios da agricultura familiar também está aquém do definido pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar. Alardeada pela atual gestão no início do ano como uma importante melhora para a refeição oferecida para as crianças, aqui no município alcançam menos de 15% quando o correto seria 30%.
Compra e venda
Como nós já sabemos, infelizmente, o preparo das refeições servidas às nossas crianças é terceirizado. Porém, a compra dos alimentos que serão preparados pela Risotolândia e pela Denjud precisa ser feita pela Prefeitura, algo que não ocorre em Curitiba.
Os únicos alimentos comprados pela Prefeitura são aqueles oriundos da agricultura familiar. Com os demais, o que a administração municipal tem feito é repassar o dinheiro da compra dos alimentos para as empresas terceirizadas, e essas realizam a compra dos mantimentos, o que é responsabilidade da Prefeitura.
Em Santa Catarina, a merenda escolar estava sofrendo problemas parecidos com o que temos visto aqui. Muitas irregularidades e pouca preocupação com as refeições fornecidas para as crianças. O Ministério Público Federal interferiu e exigiu que melhorias fossem realizadas em um determinado prazo.
Vamos exigir mais atenção e respeito com a alimentação dos alunos da rede municipal de Curitiba. Mais investimentos já!