O SISMMAC realizou na noite de ontem (13) uma reunião com profissionais do magistério para discutir as demandas e os problemas enfrentados por quem atua na educação integral na rede municipal de ensino de Curitiba.
Durante o encontro, a direção do sindicato ouviu relatos de professoras e professores de diversas unidades, que compartilharam uma série de desafios enfrentados no cotidiano escolar.
Improviso em vez de política educacional
Em Curitiba, a educação integral nunca foi efetivamente implementada como uma política educacional estruturada e consistente. As iniciativas da Secretaria Municipal de Educação (SME) nos últimos anos foram marcadas pelo improviso e pela ausência de planejamento adequado. As mudanças frequentes de orientação, a falta de diretrizes pedagógicas claras e a inexistência de um projeto político-pedagógico específico para a educação integral têm fragilizado o trabalho desenvolvido nas unidades.
Estrutura precária e insuficiência de pessoal
Como resultado dessa abordagem improvisada, muitas unidades operam com infraestrutura inadequada, sem os ambientes necessários para atividades diversificadas e sem recursos pedagógicos apropriados. O problema se agrava com o dimensionamento insuficiente de pessoal, onde equipes reduzidas precisam dar conta de múltiplas demandas, levando à sobrecarga de trabalho e ao adoecimento profissional.
Nas Unidades de Educação Integral (UEIs), esses problemas se tornam ainda mais evidentes. As equipes precisam lidar com questões que envolvem crianças de diferentes escolas, enfrentando a complexa tarefa pedagógica de atender alunos com os quais não mantêm contato no cotidiano escolar regular. Essa fragmentação dificulta o acompanhamento do desenvolvimento dos estudantes e as intervenções pedagógicas.
Além disso, a falta de estrutura da rede para atender às demandas das crianças com necessidades especiais se acentua na educação integral, onde o tempo estendido de permanência exige condições mais adequadas e profissionais especializados. A falta de profissionais de apoio com formação específica também compromete a qualidade do atendimento oferecido às crianças. Há, inclusive, muitos casos de violência contra profissionais nas unidades.
Para agravar a situação, no apagar das luzes da gestão anterior, a SME publicou um decreto para “normatizar” a educação integral. Na prática, o documento é um compilado de práticas equivocadas que foram implementadas durante a gestão Bacila na SME, e nem de longe são suficientes para resolver os problemas estruturais apontados pelas professoras e pelos professores.
Encaminhamentos
As contribuições do debate realizado ontem serão incorporadas à pauta de reivindicações do magistério para 2025, que deverá ser aprovada em Assembleia ainda em março. O documento final será entregue à administração municipal até o final deste mês.
Entre as principais reivindicações relacionadas à educação integral, estará a revogação do decreto da SME e a construção de uma política de educação integral que considere as necessidades pedagógicas, a infraestrutura adequada e o dimensionamento de pessoal compatível com a complexidade do trabalho desenvolvido.