O SISMMAC está apoiando as manifestações nacionais que são parte da luta contra o Novo Ensino Médio, criado pelo governo de Michel Temer, e convida as professoras e os professores da rede municipal a se juntarem às demais categorias na praça Santos Andrade, às 17h desta quarta-feira (15).
Para o sindicato, esse modelo precisa ser revogado por inteiro porque não há solução para um projeto que foi criado para prejudicar a educação pública e criar uma lacuna entre as escolas públicas e privadas.
O Ensino Médio deve ser inclusivo, democrático e plural, para formar cidadãos críticos, e não para repetir a lógica excludente imposta pelo “mercado”.
Abismo
O Novo Ensino Médio aumenta a carga horária de ensino e apresenta uma nova grade curricular voltada para a “formação profissional” (na prática, mão-de-obra mais barata para o mercado).
Sua implementação vem ocorrendo gradualmente, a partir do primeiro ano do ensino médio, e os estudantes do terceiro ano podem optar por um “itinerário formativo” em áreas como Linguagens, Matemática, Ciências da Natureza, Humanas e Sociais e Formação Técnica e Profissional. No entanto, os estudantes que optam por Matemática, por exemplo, não terão aulas de Arte, Sociologia e Filosofia em seus currículos, o que colabora para reduzir a capacidade de pensamento crítico dos futuros adultos.
Na prática, o novo ensino médio nega a função social da escola, que é a sistematização, problematização e apropriação dos conhecimentos filosóficos, científicos e artísticos produzidos historicamente. O currículo é fatiado com os itinerários formativos, impondo aos estudantes do primeiro ano do ensino médio uma escolha precoce de qual itinerário seguir. Há vários alunos que se arrependem dos itinerários escolhidos.
O novo ensino médio também introduz no currículo componentes sem viés científico, na linha da doutrinação ideológica neoliberal de viés coaching motivacional, com um discurso de responsabilização individual pelos sucessos e fracassos como Projeto de Vida, Empreendedorismo, Educação Financeira e Ética e Liderança. Isso significa que as professoras não são formadas em coaching e se deparam com materiais produzidos por manuais de autoajuda. Esse novo modelo transfere para os estudantes a culpa por um eventual insucesso na vida pós-escola.
Portanto, é necessário revogar o novo ensino médio, pois os estudantes matriculados estão perdendo conteúdo e conhecimento. Além de comprometer a formação de cidadãos críticos e conscientes, isso pode impactar na entrada deles no ensino superior, já que escolas com mais recursos e estrutura (geralmente as privadas) terão mais condições de oferecer itinerários completos, enquanto as demais terão que escolher quais itinerários oferecer, de acordo com os poucos recursos que possuem.
É preciso lutar por um ensino médio inclusivo, democrático e plural, que atenda às necessidades dos estudantes das escolas públicas e que valorize a função social da educação.
Fonte: SISMMAC