Sismuc – O prefeito Luciano Ducci pode ter uma boa ideia da disposição de luta dos guardas municipais de Curitiba. Na paralisação de 24 horas iniciada hoje (22), pela manhã, mais de 800 guardas realizaram uma passeata que saiu da praça Tiradentes e seguiu até a frente da prefeitura, passando pela sede da corporação. O movimento cobra a aprovação de um novo plano de cargos, carreiras e vencimentos, o aumento imediato do piso salarial de R$ 850, para R$ 1,3 mil e melhores condições de trabalho.
Parte da revolta da categoria se deve à demora da prefeitura em dar encaminhamento ao novo plano. Na greve realizada no ano passado, o então vice-prefeito Luciano Ducci e o ex-prefeito Beto Richa haviam prometido a aprovação do documento até o final de 2010. Passados quase três meses, a categoria depara-se com uma constante má vontade da administração em negociar avanços para a categoria.
Na avaliação do guarda municipal e diretor do Sismuc Diogo Monteiro, a paralisação de hoje fortalece significativamente a posição da categoria. “Esse movimento é importante para dizer para a prefeitura que a categoria não está satisfeita com a proposta que foi apresentada”. Ainda segundo ele, a boa adesão também é um forte indício de que a greve está mais iminente. “Se a gente não conseguir avançar na quinta (quando ocorre nova rodada de negociação) a possibilidade de realização de greve é muito grande”, diz.
Próximos passos
Ainda hoje os guardas aguardam uma reunião com o prefeito Luciano Ducci, conforme solicitado oficialmente. De acordo com matéria da página da prefeitura, Ducci deverá estar em seu gabinete a partir das 14h30 para assinatura de documentos. A categoria permanecerá em frente à sede da administração municipal durante todo o dia de hoje. No dia 24 a comissão de negociação dos guardas volta a se reunir com representantes da administração, a partir das 8 horas, no edifício Delta. Após a negociação, à noite, os guardas reúnem-se em assembleia para avaliar os resultados e decidir sobre a manutenção ou não do indicativo de greve previsto para o dia 29 de março.
O que propõe a prefeitura
Uma proposta elaborada ainda no ano passado, pelos trabalhadores, foi recusada pela gestão atual nas últimas mesas de negociação. Representantes da prefeitura tem insistido em reiniciar todo o debate e propõem aumento gradual do piso salarial. A medida implicaria em aumento para R$ 1 mil este ano, R$ 1,1 mil em 2012, R$ 1,2 mil para 2013 e R$ 1,3 mil em 2014, porém incluindo neste cálculo os valores dos reajustes salariais anuais.
As formas de crescimento vertical e horizontal e a tabela salarial continuam sendo um impasse. A prefeitura admite o crescimento desvinculado do cargo, porém, o crescimento horizontal contaria com 2% na mudança de referência, o que hoje é de 2,8%. Já o crescimento vertical ficaria em 5%, com possibilidade de avanço em torno de 10 anos, sendo que atualmente, o plano prevê aumento de 15%, a cada dois anos, conforme disponibilidade de vagas.
Relembrando
No ano passado os guardas também realizaram uma paralisação de 24 horas antes da deflagração da greve que durou 15 dias, no mês de fevereiro. A diferença é que anteriormente a adesão da categoria havia sido menor que neste ano. De acordo com declaração de dirigentes do Sismuc, muitos guardas que não participaram da greve participam da paralisação de hoje.
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