Formato da Semana de Estudos Pedagógicos precisa ser revisto

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A Semana de Estudos Pedagógicos (SEP)
acabou e precisamos fazer uma avaliação sobre o papel que esse espaço cumpriu
na formação e capacitação do conjunto dos trabalhadores da educação do município.

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Na segunda-feira (15), já havíamos pontuado
diversas falhas estruturais e relacionadas à organização do evento. A demora na
divulgação dos locais das palestras nas quais os profissionais já haviam se
inscrito, impedindo que os trabalhadores da educação pudessem se organizar para
participar da atividade, os preços abusivos cobrados pelos estacionamentos dos
próprios locais onde a SEP foi realizada, as filas, os atrasos, e à
falta de respeito generalizada a aqueles que participavam do evento.

Mas, para além disso, também é necessário
discutir a programação da SEP. Apesar da Secretaria Municipal de Educação (SME)
ter alardeado em seus meios de comunicação sobre a grandiosidade do evento,
muitas professoras e professores criticaram parte das palestras realizadas e,
principalmente, os textos orientadores que foram enviados às unidades
educacionais para serem debatidos pelo conjunto dos trabalhadores da educação.

O primeiro documento orientador da
discussão dos profissionais que atuam no ensino fundamental trazia uma crônica
sobre o primeiro dia de aula de uma criança de seis anos de idade. Após a
leitura do texto, as professoras e professores e demais trabalhadores da rede
deveriam relatar suas experiências referentes aos primeiros dias de aula e
discutir as memórias do ambiente escolar da época de cada um.

O segundo documento que abordava o tema da
SEP deste ano “Tempos e espaços de aprendizagem”, que sintético, pouco
aprofundou a importância da organização do trabalho pedagógico nas unidades
educacionais e como fazê-lo da melhor forma possível.

Em parte das escolas, essa discussão acabou
em menos de duas horas e todos estavam dispensados. Isso porque com o grande
número de problemas já no início do ano fica difícil se concentrar em temas
que passam distantes da realidade vivenciada pelo conjunto dos trabalhadores do
município nas unidades educacionais. Faltam trabalhadores, a estrutura é
precária, a valorização profissional é insuficiente
.

Nesse sentido, a organização do trabalho
pedagógico, que é o que de fato deveria ser debatido durante os espaços da SEP
que acontecem nas unidades educacionais, ficou prejudicada.

O verdadeiro sentido das reuniões
pedagógicas e formação em serviço é coletivamente analisar os problemas concretos, refletindo sobre eles a luz da teoria. É preciso sintetizar as contradições
sociais que se refletem dentro da escola e debater concepção de educação,
criança, infância, docência, as
diferentes disciplinas do currículo. Muitos professores são sedentos de saber,
mas o saber articulado com nossa inserção. É preciso olhar para as ruas
enlameadas do entorno da escola para conseguir lecionar dentro da sala de aula.
Para que avancemos em nossa formação não precisamos de palestras desconexas ou
de textos que distorcem a contradição educacional para indivíduos como se as paredes da escola fossem o limite. Raramente somos chamados pra
discutir políticas educacionais, financiamento, violência e a educação que
queremos.

Muitas escolas e demais unidades iniciam
seus trabalhos nesse começo de ano letivo com falta de profissionais no quadro
de funcionários
. E, apesar de saber disso com bastante antecedência, a administração só resolveu se mexer para solucionar esse problema
no final de 2015. A
direção do SISMMAC e do Sismuc já haviam alertado a Secretaria Municipal de
Recursos Humanos (SMRH) no início da Campanha de Lutas do ano passado sobre a
necessidade urgente de abertura de concurso para inspetores e professores
docência I, mas a Prefeitura preferiu deixar as unidades no sufoco ao longo de todo o ano.

É por esses motivos listados acima e por
outros identificados pelos trabalhadores da educação no chão da escola e nas
demais unidades educacionais que a administração municipal precisa rever o
formato da SEP. As necessidades dos servidores municipais são o que, de fato,
deve ser considerado capacitação. Nosso tempo de estudo é precioso, e ele
precisa ser usado de forma a contribuir com o nosso trabalho e com o processo
de ensino-aprendizagem das filhas e filhos da classe trabalhadora.

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