A formação continuada é essencial para o desenvolvimento da carreira docente, mas a gestão educacional precisa ir além do mero agendamento de capacitações. As professoras regentes, na rede municipal de Curitiba, têm 1/3 da carga horária destinada a atividades extraclasse, representando 4 horas concentradas e mais 3 aulas alternadas ao longo da semana. É a chamada permanência ou hora-atividade.
No entanto, esse tempo é frequentemente insuficiente para as múltiplas responsabilidades, como o planejamento de aulas em quatro áreas do conhecimento (língua portuguesa, matemática, história e geografia), reuniões com a equipe pedagógica, direção e pais, elaboração de materiais, redação de relatórios, avaliações e adaptação de atividades para estudantes. Por causa da sobrecarga decorrente da falta de profissionais nas unidades, esses 33% não são garantidos em todas as semanas.
Para piorar, a Secretaria Municipal de Educação (SME) de Curitiba vem ignorando essa realidade ao programar formações que consomem até 75% do período permanente, pressionando as professoras a participar de todos os encontros. Frases como “O núcleo vai cobrar a participação” ou “Se você não for, vai precisar dar explicações” refletem uma prática coercitiva que mina o entusiasmo e a espontaneidade que deveriam caracterizar essas oportunidades de desenvolvimento profissional.
Tomemos como exemplo as formações agendadas para as professoras do 1º ano: em maio, terão apenas uma permanência sem atividades dirigidas pela SME, todos os demais períodos já estão comprometidos. A pressão por participação em atividades formativas ignora outras partes do trabalho pedagógico e gera sobrecarga sobre as professoras e sobre os professores.
Outro problema é que as opções de formação durante toda a gestão nunca foram pactuadas com as profissionais e os professores do magistério. E esta sobrecarga exigida tem contribuído, inclusive, para o adoecimento das trabalhadoras e dos trabalhadores da educação.
É necessário repensar com urgência esse modelo de formação continuada, que se acumulam com as avaliações das escolas e as agendadas (Prova Paraná e a Prova Curitiba), fragmentando o foco das atividades pedagógicas.
A valorização do magistério passa pelo reconhecimento das complexidades do trabalho docente e pelo respeito ao tempo e dedicação da nossa categoria.
Fonte: Sismmac