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Expo Educação é marcada pela falta de organização e planejamento

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A Secretaria Municipal de Educação (SME) promoveu, na semana passada, a Expo Educação Internacional 2023, durante a Semana de Estudos Pedagógicos, no Parque Barigui. No entanto, a falta de organização e de planejamento foi a marca da edição deste ano, segundo relato de várias professoras que participaram das atividades (cujos nomes mantemos em anonimato para evitar perseguições).

Na Expo deste ano, ao invés de uma feira, os docentes se inscreveram em oficinas envolvendo diferentes temáticas. Porém, para que essa metodologia formativa se consolide com sucesso, é preciso que, além de boas temáticas e oficineiros, haja espaço adequado às práticas a serem desenvolvidas. Mas não foi isso que se verificou.

Entre os principais problemas apontados, estavam o vazamento de som entre os stands; barulho; falta de itens de higiene nos poucos banheiros; falta de água; ambiente inadequado para algumas ações realizadas; poucas vagas de estacionamento; alimentos vendidos a preços exorbitantes; deslocamento extenso e dificuldade para chegar via transporte coletivo ao local.

Além disso, a Secretaria parece não ter se preocupado em garantir a acessibilidade de professoras e professores com mobilidade reduzida, deficiência e transtornos de neurodesenvolvimento (que, devido à hipersensibilidade auditiva, podem se desorganizar por causa do excesso de som).

As oficinas também sofreram interrupções para pronunciamentos de autoridades, como o do vice-prefeito de Curitiba Eduardo Pimentel, transformando-se em plataforma de propaganda política.

Conforme o relato de uma professora, a palestra da professora da UFPR Elisiani Vitória Tiepolo foi interrompida no meio para discurso do vice-prefeito. “Mesmo o Pimentel estando como prefeito em exercício, o que justifica a fala no evento, não cabe interromper uma palestrante no meio da fala. Nós, professoras, que nos manifestamos contra essa falta de educação, num evento da Educação, consideramos este episódio lamentável”, destacou.

Cabe ressaltar que a programação foi divulgada às vésperas do evento, dificultando o planejamento dos participantes. Houve ainda dificuldade para inscrição nas oficinas disponibilizadas, com baixo número de vagas ofertadas, levando à ampliação da oficina “Encontro com o Curitibinha”, que foi na praça central do pavilhão, onde o eco era maior e ninguém conseguia entender o que o Curitibinha estava dizendo, uma péssima experiência”, relatou.

Todo esse despreparo da Secretaria prejudicou o aproveitamento de quem participou de um evento dessa magnitude, onde a qualidade deveria ser uma prioridade.

Outra participante questionou o que ficou realmente de formação para os participantes, em meio à desorganização, e o número de profissionais que não conseguiram participar, devido à falta de atenção à capacidade do espaço.

De acordo com as entrevistadas,  foram realizadas muitas atividades com dança e música alta, afetando a escuta das palestras, que estava péssima.

 

Contradição

Em um post publicado em uma rede social, a secretária municipal de Educação, Maria Silvia Bacila, escreveu que o convite à professora da UFES Cláudia Maria Mendes Gontijo, palestrante do evento, se justificava por compartilharem o mesmo “compromisso com a alfabetização”.

Porém, na Semana de Educação, sua fala se contrapôs ao projeto político que a SME executa na cidade. A docente falou que a responsabilização, a avaliação e a premiação situam a atual política no campo das políticas neoliberais e, portanto, a insere na lógica da reforma educacional fundada em uma lógica empresarial que produz o enfraquecimento e, no limite, a destruição da educação pública em favor da privatização.

E é justamente esta a lógica aplicada pela SME e pela Prefeitura na educação de Curitiba, que vêm implementando políticas que desvalorizam as profissionais, com o congelamento da carreira do magistério, terceirizações e diferentes formas de privatizações, sucateamento das condições de trabalho, além da plataformização e da planificação do trabalho pedagógico.

Esse é mais um sinal de que devemos estar atentos às armadilhas da atual gestão da SME, que diz se parear às concepções progressistas da alfabetização, apropriando-se, inclusive, de termos e conceitos dessa vertente educacional, mas, na prática, assume um posicionamento neoliberal.

 

SISMMAC

Nos dois dias da Expo Educação Internacional 2023, o SISMMAC realizou panfletagens para dialogar com as professoras e os professores e mobilizar a categoria, em preparação para a greve do magistério, marcada para 8 de agosto, caso as negociações com a Prefeitura e com a Câmara dos Vereadores sobre a carreira não avancem.

A formação continuada de qualidade é uma das pautas defendidas pelo SISMMAC. Por isso, estaremos sempre atentas ao que é ofertado, pois não basta ofertar cursos de interesse da categoria e com docentes gabaritados se a estrutura compromete a qualidade. A Expo deixa mais uma vez evidente que o modelo de feira, copiado de uma tendência do mercado de negócios, é insuficiente para a formação de professores, tendo em vista os relatos apresentados.

 

 

Fonte: SISMMAC

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