Entre os meses de janeiro e agosto deste ano, a Secretaria Municipal
de Educação registrou 505 furtos nas escolas municipais de Curitiba.
Esse número representa um aumento de 39,5% em comparação com as
ocorrências de 2016, quando foram computados 362 casos no mesmo período.
Os casos de vandalismo também cresceram, saltando de 100 para 137. E,
desse total, a Guarda Municipal fez apenas 26 apreensões.
O bairro Cajuru, na zona leste de Curitiba, exemplifica esse cotidiano. Na semana passada, o Centro
Municipal de Educação Infantil (CMEI) Conjunto Mercúrio e a Escola
Municipal Irati foram alvo do furto de um televisor e de comida no mesmo
dia.
No caso do CMEI, foi o segundo assalto em apenas três dias. Na noite
do dia 30 de julho, criminosos levaram televisores, rádios, cobertores e
parte dos brinquedos. Dois dias depois, a dispensa foi invadida e
alimentos que seriam oferecidos para as crianças de 11 meses a 5 anos
também foram roubados.
Na Escola Municipal Irati a situação não é muito diferente. Nos
últimos meses, oito TVs foram roubadas — uma delas na semana passada,
quando bandidos arrebentaram a parede com marretas e pavers. Nesta
terça-feira (8), dois botijões de gás foram levados durante a madrugada.
Na tentativa de conter o avanço da violência, o marido de uma
professora reforçou com concreto as grades das janelas. Mesmo assim, os
bandidos quebraram a parede e voltaram a invadir a escola.
Outros bairros
Mas não é apenas no Cajuru. No Barreirinha, a Escola Municipal Julia
Amaral Di Lenna lidera os índices de violência contra a educação na
cidade: foram 27 casos de furto e vandalismo no acumulado 2016 e 2017,
sendo 15 apenas nos primeiros meses desse ano. A escola também agiu por
conta própria para tentar inibir a ação dos bandidos. Pais e professores
arrecadaram dinheiro para a instalação de câmeras de segurança e, mesmo
assim, uma TV foi roubada. As imagens foram encaminhadas para a Polícia
Civil, que apura o caso.
No Santa Cândida, uma professora da Escola Municipal Augusto Cesar
Sandino relatou que a instituição tentou, no ano passado, aumentar a
integração com a comunidade para diminuir os números de roubos. “Fizemos
diversas reuniões para chamar as pessoas para dentro da escola. Quando
cheguei à instituição, havia pichações em todos os muros. A direção
conseguiu ajustar isso, mas agora começaram a aparecer pichações
novamente. Parece que a situação melhorou, mas é muito instável”,
afirma.
No CMEI São José Operário, no bairro Alto Boqueirão, bandidos
chegaram a roubar janelas, portas e parte da fiação elétrica. Além
disso, eles ainda defecaram em alguns ambientes da escola e quebraram
várias estruturas nos banheiros e salas de aula. A Guarda Municipal
informou que equipes estão nesse CMEI 24 horas por dia para inibir a
ação dos criminosos. No entanto, essa vigília vai ser mantida somente
até a situação se normalizar.
Além disso, segundo a prefeitura de Curitiba, 40 escolas do município
contam com reforço da Guarda durante o horário de aula, o que não é
mais uma política recorrente do Executivo Municipal há pelo menos dez
anos. Os focos de atenção são as unidades que apresentam dados perenes
de violência. Ainda de acordo com a prefeitura, 20 guardas municipais
patrulham os 185 centros de educação da cidade que estão espalhados em
dez regionais – uma viatura por seção.
Professores
Para Viviane Bastos, diretora do Sindicato dos Servidores do
Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), casos de vandalismo e
arrombamento aumentaram depois da retirada dos guardas das escolas.
“Existe uma demanda grande até mesmo da contratação desses guardas. Um
levantamento da categoria mostra que Curitiba precisaria de cerca de 3
mil guardas municipais – atualmente, são 1.300. Isso leva um sentimento
de insegurança por parte dos professores. Enquanto não houver política
de prevenção, a violência toma conta como um todo”, explica.
Em nota, a Secretaria Municipal da Educação disse que vê com muita
preocupação o crescimento das ocorrências nas unidades escolares. “Os
gestores têm o suporte da equipe de logística, da SME, que auxilia em
todas as providências necessárias para o restabelecimento das atividades
no menor tempo possível. O setor também faz o acompanhamento junto à
empresa de segurança G5, contratada para a reposição dos bens furtados
quando necessário bem como reparos na estrutura física”.
Escolas mais atingidas por furto/vandalismo em 2017
Escola Municipal Júlia Amaral Di Lenna – 15 (ocorrências)
CMEI Pré Escola Vila Verde – 13
Escola Municipal Irati – 11
Escola Municipal Otto Bracarense Costa – 10
Escola Municipal CAIC Cândido Portinari – 10
CMEI Arnaldo Agenor Bertone – 9
UEI Tanira Regina Schmidt – 9
Escola Municipal Leonel de Moura Brizola – 8
CMEI Arnaldo Carnasciali – 7
EM Santa Águeda – 7
CMEI Jardim Aliança – 7
EM Lapa – 7
CMEI Trindade – 7
EM Dario P. Castro Vellozzo – 7
Evolução da violência
2016 – 462 casos – 362 furtos – 100 atos de vandalismo
2017- 642 casos – 505 furtos – 137 atos de vandalismo