• Home
  • »
  • Notícias
  • »
  • EAD desconsidera a difícil realidade das famílias durante a pandemia

EAD desconsidera a difícil realidade das famílias durante a pandemia

Facebook
Twitter
WhatsApp
Telegram
20200413_ead_cards

Com o avanço do novo Coronavírus no mundo mais de 300 milhões de alunos tiveram suas aulas suspensas. A medida, altamente recomendada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), ajuda na prevenção do contágio da Covid-19, já que as escolas são locais de grande aglomeração e as crianças podem ser facilmente infectadas.

#@vej3@#Em Curitiba, o protocolo seguido foi o mesmo, de acordo com a administração, as unidades escolares permanecem fechadas até o dia 2 de maio. Mas, como prova de que educação de qualidade não é uma preocupação dos governos, Ratinho e Greca não perderam tempo na tentativa de implementar as aulas por meio do Ensino à Distância (EAD).

Você já imaginou como as mães e pais que permanecem trabalhando fora de casa vão fazer para acompanhar o ensino à distância dos filhos? Esse é o caso de milhares de empregadas domésticas e trabalhadores informais. Não podemos esquecer também dos mais de 500 mil desempregados no Paraná. Novamente, a população mais pobre será afetada e ambos os governantes e seus secretários fecham os olhos para essa situação.

Em discurso, a secretária de Educação do município parece acreditar em uma realidade paralela e inexistente. Além de desconsiderar que mais de 30% da população brasileira ainda não tem acesso à internet ou outros meios de comunicação digital, ela também não leva em conta a realidade das famílias mais pobres que não têm condições de acompanhar o ensino à distância por conta do trabalho e das condições de vida e moradia.

#@txt1335@#Com inúmeros problemas pedagógicos, a defasagem de ensino causada pelo EAD coloca em risco a educação das filhas e filhos dos trabalhadores. Sem o acompanhamento de um professor cotidianamente, as dificuldades de aprendizado podem passar completamente despercebidas. Sem o acompanhamento adequado de profissionais, sem a ajuda dos pais e sem o ambiente de socialização da escola, muitos dos alunos da rede pública ficarão desamparados.

É importante lembrar que com a volta às aulas, as professoras e professores, que já enfrentam níveis distintos de aprendizagem do conteúdo dentro de sala de aula, terão que novamente se apropriar dessas diferenças e se desdobrar para garantir ensino com qualidade.

E, não se enganem, isso é exatamente o que o governo quer! Greca, Ratinho, Bolsonaro e tantos outros trabalham incansavelmente para que o ensino seja cada dia mais sucateado, retiram investimentos da educação e tentam transformar o professor em uma figura descartável. Tudo isso para entregar a educação nas mãos da iniciativa privada.

No estado, Ratinho utilizou cerca de R$ 22 milhões, sem licitação, para implementar o projeto de EAD que tem sido duramente criticado por pais, alunos e professores.

O EAD é considerado uma medida que promove a injustiça social e que retira a oportunidade de milhares de crianças de aprender com qualidade. Além de colocar em risco a educação pública!

A implantação às pressas do ensino à distância tem como objetivo dar conta das 800 horas aula contidas na LDB, porém, sem diálogo com as partes mais interessadas e sem preparação para uma medida dessa dimensão, o EAD se torna um problema e não uma resposta. Por isso, o SISMUC e o SISMMAC prepararam alguns dos principais motivos para não defender o EAD durante à pandemia do Coronavírus. Compartilhe com os seus colegas e debata sobre o ensino à distância!

EAD não é a solução!

1. O EAD não atende a realidade de famílias mais pobres

A falta de políticas públicas durante a pandemia reflete na vida das famílias. Pais e mães de milhares de crianças estão desempregados, são trabalhadores informais, ou ainda, recebem salários baixíssimos.

– Os trabalhadores que não foram liberados não conseguem acompanhar a educação dos filhos. Esse é o caso de milhares de empregadas domésticas e trabalhadores informais.

– Isso significa, muitas vezes, que os filhos mais velhos têm mais responsabilidades pelos mais novos, tendo que deixar seu tempo de estudos de lado.

– Além disso, no Brasil, mais de 30% das famílias não possui acesso à internet. Ou seja, além da dificuldade para acompanhar as aulas, o complemento do estudo é limitado.

– Apesar de mais de 90% da população brasileira possuir um aparelho televisor em casa, no caso da transmissão pela TV aberta, como ficariam as famílias que possuem apenas um televisor, mais de dois filhos em idade escolar, mas em anos diferentes? E as que possuem apenas um cômodo para toda a família?

– E ainda existe uma grande falha do próprio Estado. A distribuição atrasada de apostilas por todo o país dificulta ainda mais o ensino à distância.

2. Não garante a aprendizagem e aumenta a desigualdade

Os alunos possuem níveis distintos de apreensão dos conteúdos. Sem o acompanhamento do professor, o EAD pode dificultar ainda mais a aprendizagem.

– O contato entre aluno e professor é essencial diante da heterogeneidade do ensino e das condições de vida de cada criança.

– No retorno às aulas, os professores podem ter muito mais dificuldade, pois encontrarão turmas desniveladas, o que sobrecarrega ainda mais esse profissional.

– Famílias mais ricas podem tentar suprir lacunas causadas pelo EAD, mas a realidade das famílias mais pobres não permite que isso seja feito, aumentando a desigualdade.

3. Desvaloriza as professoras e professores e coloca o ensino enquanto mercadoria

O EAD não é só uma medida de urgência, é um projeto de sucateamento e privatização da educação que vem acontecendo há anos com os cortes de verbas e a falta de valorização dos profissionais.

– O ensino à distância cria uma falsa compreensão de que um vídeo é capaz de suprir o aprendizado em sala de aula, desconsiderando as perdas pedagógicas que o EAD gera.

– Além disso, os governos podem usar o EAD como desculpa para não contratar profissionais da educação ou demitir os existentes.

– O esforço e tempo de preparo dos professores é negligenciado pelos governos que estão mais interessados em propor um modelo de educação que gere menos custos.

– O processo de privatização também pode ser acelerado, já que que com o EAD fica mais fácil entregar a educação nas mãos de grandes empresas.

4. A estrutura precária das escolas dificulta outras formas de ensino

Para garantir novas formas de ensino é necessário que o Estado seja responsável pela estrutura e capacitação de profissionais.

– Mesmo que fosse apenas como atividade complementar, para lidar com novas formas de ensino, ainda mais as que incluem a tecnologia, é necessário que os professores e professoras tenham preparo metodológico. Com a desvalorização da profissão isso não acontece.

– Ensinar nos dias de hoje requer computadores, internet, televisão, e outros materiais. A falta de qualquer um desses componentes pode atrasar o ensino das crianças. Deveria ser responsabilidade do governo disponibilizar essa estrutura.

– As Secretarias de Educação, em sua grande maioria, não possuem estrutura adequada para gravação e transmissão das aulas. Por isso, empresas terceirizadas são contratadas, injetando dinheiro público necessário para manutenção do ensino, na iniciativa privada.

5. EAD não é adequado para o desenvolvimento da criança e do adolescente

A medida precipitada visa garantir o número de horas previstas pelo governo federal, porém, desconsidera a importância de práticas pedagógicas e as limitações sociais, e nem ao menos considera a flexibilização de parte das horas.

– Embora ainda não exista uma proposta para EAD na educação infantil, é importante ressaltar que as interações pedagógicas com brincadeiras e interpretações são essenciais para garantia do aprendizado.

– Para o ensino fundamental, as interações pedagógicas e sociais também fazem parte do aprendizado. Além disso, o EAD exige autonomia durante os estudos, algo que as crianças não tiveram preparo para realizar.

– No ensino médio, a autonomia exigida é ainda maior, já que os conteúdos mais densos necessitam da figura do professor para auxiliar no aprendizado e aprofundamento.


Posts Relacionados