O retorno às aulas na rede municipal de ensino, marcada para a
próxima terça-feira (26) é esperado com apreensão. Depois que a
Prefeitura de Curitiba anunciou que os professores e funcionários não
poderão fazer horas a mais de trabalho, as equipes das escolas não sabem
se terão condições de receber os alunos.
A medida é conhecida
entre os trabalhadores da educação como Regime Integral de Trabalho
(RITs). Ela é destinada aos profissionais com carga horária de 20 horas
por semana, que podem trabalhar a mais, conforme necessidade de cada
instituição. De acordo com a decisão da prefeitura, o trabalho a mais
não está mais permitido.
Na próxima segunda-feira (25) a categoria
realiza um ato em frente à prefeitura. Eles vão protestar contra os
cortes na educação com um café da manhã marcado para 15h, com o objetivo
de pressionar o prefeito Gustavo Fruet.
“É uma situação bem
grave, precisamos desses funcionários para trabalhar nas bibliotecas,
para cobrir os profissionais que saem em licença de saúde, licença
maternidade. Quem vai fazer isso?”, questiona o diretor do Sindicato dos
Servidores do Magistério Municipal de Curitiba (Sismmac), Adriano
Vieira.
Além de comprometer o atendimento aos alunos, o receio dos
profissionais é a sobrecarga de trabalho, pois a equipe deve ficar
reduzida. “É terrível. A escola vai ter que se virar com o quadro que
tem”, alerta o diretor. A situação deve prejudicar também as classes
especiais.
A solução para o problema, aponta Vieira, seria a
efetivação dos funcionários que foram aprovados no último concurso da
prefeitura e que já estão aptos a serem nomeados. “A prefeitura não quer
liberar o RIT? Então chama os funcionários do concurso público”.
“Rotineira”
De acordo com a secretaria municipal de Recursos
Humanos, as alterações nos processos da rede municipal de educação são
realizadas a cada fim de semestre. “A reorganização das classes e a
reavaliação dos RITs são procedimentos rotineiros, de conhecimento da
entidade sindical”, comentou em nota.
Além disso, a pasta informou
que no “retorno das aulas para o segundo semestre, todas as turmas e
bibliotecas escolares terão profissionais da educação atuando, conforme
previsão realizada durante o planejamento para o período.” Já a
convocação dos concursados pode ser feita a qualquer momento, mas não
foi apontado efetivamente quando eles serão chamados.
Mesmo assim,
as observações da prefeitura não acalmam os ânimos dos funcionários.
“Foi uma atitude rasteira da prefeitura. Na véspera dos professores
saírem no recesso vieram com as normativas de mudança. O clima é tenso,
os diretores estão desesperados, não sabem o que fazer nem como lidar
com a situação”, critica Vieira.