BRASIL DE FATO: Pelo segundo dia consecutivo, policiais e manifestantes se enfrentaram nas ruas de Santiago, no Chile. No confronto, parte dos manifestantes lutava encapuzada e ateava fogo em barricadas em algumas das principais avenidas da cidade. Este é o terceiro dia de paralisação nacional convocado pelos movimentos estudantis e sindicatos de trabalhadores.
Os tumultos mais intensos ocorreram em frente à Universidade de Santiago, uma das maiores do país. Segundo informações da Telesur, os policiais lançaram água e gases sobre os manifestantes para dispersar a marcha. O presidente da Federação de Estudantes da Universidade Católica do Chile (Feuc), Giorgio Jackson, condenou os atos de violência e disse que "ninguém pode aprovar a violência e tampouco a repressão da polícia, o que se tem que fazer é gerar igualdade de oportunidades".
Os protestos em várias cidades do Chile ocorrem há cerca de cinco meses, desde quando estudantes começaram a cobrar reformas na educação. Entretanto, os confrontos se intensificaram desde terça-feira (18), quando o ministro do Interior, Rodrigo Hinzpeter, declarou que a Lei de Segurança Nacional passaria a vigorar a partir desta quarta-feira (19) em todo o país. A lei pune quem cometer delitos contra instalações ou meios utilizados para a operação dos serviços públicos e também obriga os tribunais a aplicarem as sanções mais duras para as infrações. Neste caso, os eventuais responsáveis podem receber penas entre cinco e dez anos de prisão.
Esta será a primeira vez que o governo de Sebastián Piñera invoca tal legislação contra as manifestações estudantis. Em janeiro, porém, a norma foi utilizada contra manifestantes que protestavam contra o aumento no preço do gás natural. Eles bloquearam, por uma semana, estradas na região de Magalhães, na região antártica chilena.
Para o vice-ministro do Interior do Chile, Rodrigo Ubilla, esta etapa dos protestos significa um "novo ciclo de violência". "Há grupos que são extremamente coordenados e querem gerar uma imagem de violência e desordem pública", disse ele. "O governo condena tais ações e reitera que essas manifestações não contribuem para o diálogo".
A principal reivindicação dos manifestantes é para a gratuidade do ensino superior no país – atualmente as universidades chilenas são todas privadas.