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Catraca livre durante a greve dos cobradores escancara contradições do transporte público

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Curitiba amanheceu sem ônibus nesta sexta-feira (27), no segundo dia de greve dos cobradores do transporte coletivo. Ao contrário de ontem, quando os veículos circularam só com os motoristas e sem cobrar passagem, os ônibus foram impedidos pelas empresas e pela Urbs de sair das garagens.

Desde às 13h30 está sendo realizada uma nova audiência no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) para debater a pauta de reivindicações dos trabalhadores. Independentemente da decisão aprovada pela categoria após a reunião, essa greve deixa lições importantes para o conjunto da classe trabalhadora.

A luta dos cobradores por condições mínimas de trabalho fez com que Curitiba vivesse um dia de ‘catraca livre’ na quinta-feira, colocando em prática a reivindicação da Tarifa Zero que mobilizou o país nas manifestações de junho de 2013.

Essa ação expôs que o transporte público em nossa cidade é tratado exclusivamente como mercadoria, na qual o lucro das empresas está acima do direito de ir e vir dos trabalhadores da cidade. Prova disso é que Urbs autorizou a ‘catraca livre’ na quinta-feira porque era dia de jogo da Copa do Mundo em Curitiba. Apesar de a Prefeitura afirmar que optou por mandar os veículos para rua para não interromper o serviço essencial à população, a decisão de suspender a medida deixa claro que o motivo na verdade foi outro: os termos do acordo de cidade-sede firmado com a Fifa para a realização da Copa em Curitiba.

A greve também nos deixa a lição de que a luta dos trabalhadores deve ser feita com independência frente aos patrões e governos. A insatisfação dos cobradores fez o sindicato a romper com o imobilismo e a construir uma ação que, para além de mobilizar a própria categoria, envolve o conjunto dos trabalhadores na luta pelo transporte. Em maio, mês em que 11 capitais do país tiveram greve de ônibus, o presidente da entidade afirmou para a imprensa que categoria não faria uma paralisação com “catraca livre”, mas a crescente insatisfação da categoria o fez mudar de posição.

Reivindicações dos cobradores
Os cobradores exigem melhoria nas condições de trabalho. A principal insatisfação é sobre as condições das estações-tubo. A estrutura é desprotegida contra o frio, expondo os trabalhadores a baixas temperaturas no inverno, e várias apresentam problemas de goteiras e infiltração. Os trabalhadores reivindicam ainda o direito a um banheiro químico nas estações-tubo, pois são impedidos de se afastarem da catraca ao longo da jornada. Também exigem a distribuição do "kit inverno", com roupas de frio e manta, fim dos descontos no salário de dinheiro perdido em assalto e aumento do valor do vale-refeição.

Apesar de reconhecer que a estrutura das estações-tubo e as condições de trabalho da categoria são precárias, a Prefeitura ainda não colocou em prática qualquer ação que atendesse as reivindicações dos trabalhadores. Em reunião realizada no dia 25 de junho no Tribunal Regional do Trabalho, a Urbs apresentou planos de melhoria das estações-tubo, mas ressaltou que as obras eram para o médio prazo e dependiam de captação de recursos.

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