Se ainda estivesse vivo, Jorge Amado completaria 100 anos hoje. Nascido em Itabuna (BA), no dia 10 de agosto de 1912, Jorge Leal Amado de Faria morreu aos 88 anos de idade, deixando uma vasta obra composta por mais de 25 livros, entre romances, crônicas e peças de teatro.
Reconhecido como o autor brasileiro mais lido de todos os tempos, Jorge Amado dedicou toda sua trajetória a contar histórias a partir da ótica do povo mais pobre. Por isso, escrevia com uma linguagem simples e leve, sem muitos floreios, com o objetivo de possibilitar que mesmo quem tivesse baixo nível de instrução pudesse ler e se contagiar com o universo descrito em suas histórias.
Além das obras regionalistas – como o livro Gabriela Cravo e Canela, que a minissérie global homenageia atualmente – Jorge Amado também produziu livros de crítica social. Muitos desconhecem parte importante da história desse autor, que foi militante político filiado ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e dedicou quase 25 anos à construção de uma prática literária que denunciasse as injustiças sociais e propagasse os ideais e a visão de mundo dos trabalhadores.
Jorge Amado foi preso em 1936, acusado de participar do levante popular apelidado de "Intentona Comunista”. Com a instalação da ditadura de Getúlio Vargas, as prisões por motivos políticos se tornaram ainda mais frequentes. Foi preso em 1938, 1942 e 1945 e, em 1948, foi obrigado a se exilar fora do país quando o partido é destituído pelo regime ditatorial e colocado na clandestinidade.
Entre os livros mais importantes desta fase está o Capitães da Areia, de 1937. O romance conta a história de um grupo de menores abandonados que enfrentam, unidos, as dificuldades de sobreviver à margem da sociedade, combatendo a violência e a repressão policial. A obra recebeu, em 2011, mais uma versão cinematográfica, produzida pela neta do escritor Cecília Amado.
Outra obra que merece destaque é a trilogia Subterrâneos da liberdade, publicada em 1954. Em três volumes – Os ásperos tempos, Agonia da noite e A luz do túnel – o romance relata a luta dos trabalhadores e militantes socialistas contra o regime ditatorial do Estado Novo, imposto em 1937 por Getúlio Vargas. Na obra, Jorge Amado conta detalhes da repressão, das censuras, torturas e prisões sofridas pelos militantes que, como ele, se opunham à ditadura varguista. A ficção – último romance produzido pelo autor antes que ele se afastasse da militância política – tinha como objetivo documentar essa parte da história brasileira e servir como um instrumento de denúncia e de luta contra o regime.
Confira outras obras de Jorge Amado dedicadas à crítica social:
• Cacau (1933),
• Suor (1934),
• Jubiabá (1935),
• Mar morto (1936),
• Capitães da Areia (1937),
• ABC de Castro Alves (1941),
• O Cavaleiro da Esperança: a vida de Luís Carlos Prestes(1942),
• Terras do sem-fim (1943),
• São Jorge dos Ilhéus (1944),
• Bahia de Todos os Santos (1945), Seara vermelha (1946),
• O amor do soldado (1947),
• O mundo da paz (1951)
• Trilogia Subterrâneos da liberdade (1954), com os volumes Os ásperos tempos,
• Agonia da noite e A luz do túnel.
Serão realizadas atividades culturais por todo o Brasil para marcar o centenário de Jorge Amado. Em Curitiba, serão duas ações comemorativas: o Ciclo de Leitura Especial Jorge Amado, com exibição do filme Capitães de Areia, e a exposição Jorge Sempre Amado dos alunos do Centro Juvenil de Artes Plásticas.
Ciclo Especial de Leitura da obra de Jorge Amado.
Em homenagem ao centenário do autor, as Casas da Leitura Augusto Stresser (Centro de Criatividade de Curitiba – Parque São Lourenço) e Maria Nicolas (Rua da Cidadania Santa Felicidade) promovem o Ciclo Especial Jorge Amado. Além da leitura dos contos, será exibido o filme “Capitães de Areia”, baseado na obra do escritor.
As leituras serão realizadas nos dias 6, 13, 20 e 27 de agosto, às 14h30. A entrada é gratuita.
Exposição Jorge Sempre Amado
Até o dia 9 de setembro, o Centro Juvenil de Artes Plásticas realiza a exposição Jorge Sempre Amado. As obras da mostra foram realizadas por alunos do centro que participaram das oficinas de artes durante o primeiro semestre deste ano.
Além do trabalho de artes visuais, foram criadas também peças de teatro inspiradas na obra do autor. A entrada para as apresentações e para a exposição é gratuita.