Reportagem de Tamara Roselló Reina, do Centro Martin Luther King, para a Minga Informativa
Pouco antes da inauguração do IV Fórum Social Américas (FSA), em 11 de agosto, Rigoberta Menchú, lutadora pelos direitos humanos que recebeu o Prêmio Nobel da Paz em 1992, ofereceu declarações à imprensa credenciada para o evento em Assunção, Paraguai.
“Este Fórum representa uma oportunidade para fazer uma agenda comum,” disse a líder guatemalteca. Também relatou várias das problemáticas de interesse para o debate durante as jornadas do IV FSA. Entre elas, os direitos da Mãe Terra, das mulheres, dos povos indígenas e demais setores da sociedade civil, que lutam por outra América melhor e mais justa.
Mencionou o novo paradigma do “bom viver” como uma necessidade nesta época de crise civilizatoria, de decadência do capitalismo e também da moral. “A violência foi deixada como alternativa aos povos. As armas seguem sendo a regra no mundo. Não necessitamos armas, necessitamos alimentos e moradias,” disse.
Nesse sentido, criticou a carreira militarista do governo norte-americano e pediu ao presidente Obama e ao povo norte-americano, que ajudem nessa mudança: “há pessoas racistas, que estão contra os imigrantes.”
Reconheceu que na América Latina o panorama mudou. Já não estamos diante de ditaduras, e sim no meio de processos de construção de alternativas. “Também há espaço para os povos indígenas, que reivindicam saberes e os conceitos de nossos ancestrais, que nos dão luzes para encarar as crises desta época.”
Neste palco não há cabimento para golpes de Estado, assegurou ao referir-se à ilegalidade do governo hondurenho atual. Essa situação deixa “um precedente nefasto em termos jurídicos e políticos.”
Os problemas que enfrentamos hoje são “universais. A degradação ambiental, por exemplo, afeta todas as pessoas, sejam ricas ou pobres.” Daí a importância de olhar com atenção as experiências que se ensaiam na América Latina como alternativas de vida.
Enfocou que é preciso dar maior atenção aos meios de comunicação e a aproveitar as potencialidades das novas tecnologias para colocá-las ao serviço do “buen vivir”, da pluralidade e da discussão entre muitas vozes, que rompam o monopólio da palavra e do pensamento único.
O IV FSA, declarado de interesse nacional no Paraguai, já é uma oportunidade para conhecer e enriquecer essa realidade renovada da América Latina e o clamor dos cidadãos na busca de uma outra vida possível.