Por fora, bela propaganda, por dentro, armadilha do ranqueamento

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20180920_ideb
A Prefeitura de Curitiba fez
questão de anunciar que, de acordo com o resultado do Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica (Ideb) de 2017, a capital paranaense continua com o melhor
ensino público do país entre as capitais com mais de um milhão de habitantes.
Os dados foram divulgados no início de setembro pelo Ministério de Educação
(MEC).

Pode parecer, mas esse resultado não é motivo para comemoração. Apesar
dos dados, sabemos que a situação da educação pública de Curitiba não é nada
boa. Como já revelamos anteriormente, esse
tipo de avaliação diz muito pouco sobre qualidade educacional e serve mais para
autopropaganda da administração municipal.
E foi exatamente isso que o
prefeito Rafael Greca fez ao ter acesso aos resultados.

Ele afirmou que o resultado é fruto da boa gestão e dos investimentos
que ocorreram devido ao ajuste fiscal. Agora, nós nos perguntamos: boa gestão
pra quem?
Não foi para os servidores públicos, não foi para as filhas e filhos
dos trabalhadores da cidade e também não foi para o conjunto da população
trabalhadora de Curitiba.

Outro ponto de apoio da
propaganda de Greca é o fato de que 120 escolas da rede municipal, quase 70%
das unidades, manteve ou apresentou crescimento no Ideb em relação ao
levantamento de 2015. Dessa forma, o prefeito quer dizer que tanto os
trabalhadores da educação quanto os estudantes legitimam a lógica da avaliação
e querem sempre estar melhor posicionados.

No entanto, são inúmeras as
variáveis e situações que podem ter influenciado na suposta melhoria da nota, e
esses fatores podem nem mesmo passar pela melhoria da escola pública.

Nós não podemos cair nessa lógica! As condições de trabalho dos
profissionais do magistério pioram a cada dia, o salário e a carreira estão
congelados há mais de dois anos, as salas estão superlotadas e não há suporte
especializado para os alunos de inclusão. Não
é de fato possível que a educação pública da cidade esteja melhor!

Você acredita que o IDEB avalia?

A verdadeira intenção do Ideb é
dar ênfase nos números e ranquear as escolas. Ele gera competição e indica
determinados resultados e não qualidade.

O cálculo do índice é feito usando
os resultados da Prova Brasil, que usa informações sobre a aprovação ou
repetência dos estudantes e prioriza as disciplinas de língua portuguesa e
matemática em detrimento de outras não menos importantes para a formação
humana. Ou seja, o teste pode ser
facilmente manipulado aumentando ou diminuindo o grau de dificuldade da prova e
existe ainda a pressão para que os alunos não sejam retidos para que o índice
não abaixe.

A lógica de avaliação nacional
implementada no Brasil não é diferente da lógica imposta a vários países de
capitalismo periférico pelos organismos multilaterais como Banco Mundial e Organização
para a Cooperação e Desenvolvimento ou Econômico (OCDE). Essa é uma
forma de controlar currículos e impor à classe trabalhadora uma formação
mínima. No momento em que se encontra o desenvolvimento do capitalismo no
Brasil, a intenção é formar força de trabalho com baixa qualificação e que se submeta
consequentemente a baixas remunerações.

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