Das 13 mulheres assassinadas por dia no Brasil, oito são negras

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Trabalhadoras negras estão triplamente vulneráveis em nossa sociedade: sofrem com o racismo pela cor da pele, com o machismo pelo gênero e com as desigualdades sociais pela origem de classe.

Renda

Enquanto a média salarial das mulheres brancas é de R$ 2.379 a das negras é de R$ 1.394, o menor salário na comparação entre mulheres brancas. No caso dos homens, os homens negros ganham mais do que as mulheres negras e menos do que a mulheres brancas. E ainda, a diferença salarial entre homens negros e homens brancos é ainda maior. Os homens negros recebem cerca de R$ 1762, enquanto os homens brancos recebem em média R$ 3138, de acordo com o IBGE.

Assassinatos

Mas, os problemas infelizmente não acabam na comparação dos salários. Quando olhamos para o Mapa da Violência de 2015, encontramos outros dados alarmantes: enquanto o homicídio de mulheres brancas caiu 9,8%, entre 2003 e 2013, o feminicídio de mulheres negras cresceu 54,2% no mesmo período.

Em 2018, 68% das mulheres assassinadas no Brasil eram negras. Das 13 mulheres que são assassinadas por dia no Brasil, oito são negras.

É importante ressaltar que para além das denúncias e registros serem subnotificados, não são em todos os casos que a cor da pele é autodeclarada ou até mesmo questionada, ou seja, as estatísticas reais devem ser ainda maiores.

Abuso sexual e violências

Desde o período colonial, mulheres negras são entendidas como um objeto e têm seus corpos hipersexualizados. Isso repercute até hoje no padrão de violência sexual do qual as mulheres negras são vítimas todos os dias.

No Brasil, o crime de estupro de vulnerável também é marcado pelo fator racial. Mais da metade das vítimas são crianças negras (50,9%), do sexo feminino (81,8%) e com até 13 anos (53,8%). Os dados são do 13º Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2019.

Quando não adotam posturas servis, mulheres negras são taxadas como agressivas e raivosas, quando, na verdade, elas são vítimas de violências cotidianas, seja no trabalho, na escola, em casa ou ao procurar um serviço público. Esses estereótipos em torno da mulher negra influenciam no atendimento que elas recebem dos serviços de segurança e saúde ao serem vítimas de violência doméstica ou em atendimentos médicos regulares. 66% das mulheres vítimas de violência obstétrica são negras.

O racismo é um problema de todos e só teremos uma prática antirracista se começarmos a questionar nossas posturas no dia a dia e reconhecermos que muitos dos nossos “hábitos” cotidianos estão permeados pelo racismo.

Mesmo diante de toda essa opressão, mulheres negras se levantam todos os dias para lutar contra o sistema. E é nesse caminho que precisamos nos referenciar para superar o racismo.

Dicas dos sindicatos:

Irmã outsider: Ensaios e conferências, da autora Audre Lorde

E eu não sou uma mulher?: Mulheres negras e feminismo e O feminismo é para todo mundo: Políticas arrebatadoras, de Bell Hooks

Pequeno manual anti-racista e Quem tem medo do feminismo negro, de Djamila Ribeiro

E, por último, o vídeo Branquitude e Orientações de Gênero, que vai refletir sobre as consequências da colonização nas orientações de gênero e de sexualidade entre os povos que compõem o Brasil. Confira em https://bit.ly/38ZR3ls

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