Matéria da revista Veja desvaloriza o magistério

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No dia 2 de agosto, o conjunto do magistério municipal de Curitiba aprovou em Assembleia uma moção de repúdio à matéria “Professor ganha mal?”, que foi publicada na revista Veja em julho. Confira a moção na íntegra no texto abaixo:

MOÇÃO DE REPÚDIO À MATÉRIA PUBLICADA PELA REVISTA VEJA “PROFESSOR
GANHA MAL?”

As professoras e professores da rede municipal
de Curitiba, reunidos em Assembleia no dia 2 de agosto de 2016 manifestam o seu repúdio
ao conteúdo de autoria do economista Claudio de Moura Castro veiculado pela
revista Veja em 27 de julho de 2016.

Em seu texto, o autor trata da
educação brasileira e mais especificamente do professor do ensino público do
país. Em análise superficial e tendenciosa, culpabiliza os próprios professores
por seus baixos salários, utilizando cálculos matemáticos ilusórios e
argumentos vindos de alguém que claramente não conhece a realidade das escolas
públicas, bem como as condições de trabalho dos professores.

É inaceitável que a profissão do magistério
seja analisada e diminuída de tal maneira, colocando direitos conquistados como
aposentadoria especial, licenças prêmio, para estudos e até mesmo de saúde como
agentes determinantes para justificar os baixos salários e a desvalorização dos
professores. Principalmente quando todos sabemos que a falta de investimento e
de prioridade que a educação brasileira vem sofrendo na mão dos governos. Coloquemos
então as condições do trabalho docente em pauta, para aí sim entendermos o por
que somos uma categoria que está cada vez mais adoecida e desgastada.

Repudiamos também a comparação
direta feita entre o salário do professor e a performance dos alunos, como se
não houvesse nenhuma outra variável a não ser o mérito do professor para
determinar o aprendizado dos alunos. Como se fosse cabível determinar assim
professores bons e ruins, com salários de acordo com esse “merecimento”.
Desconhece o economista que somos professores de escolas advindas de diversas
realidades e com isso diferentes contextos históricos e sociais dos educandos, o
que influencia diretamente na qualidade de aprendizado e desenvolvimento das
crianças e adolescentes.

A qualidade da educação básica
não se mede e nem se alcança com cálculos matemáticos. A referida matéria tem o
objetivo de deturpar a imagem do professor e induz o leitor a acreditar que
“reclamamos de barriga cheia”, trabalhando pouco e onerando os cofres públicos por
usufruirmos dos nossos direitos.

Não aceitamos qualquer tentativa
de desqualificar o magistério para justificar a falta de investimento na
educação pública brasileira. Nossa luta é diária e no chão da escola a favor de
uma educação pública e de qualidade para todos.

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