O que atrapalha o Brasil é o preconceito e o negacionismo

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20210818_preconceito

Na última segunda-feira (16), o
ministro da Educação, Milton Ribeiro, esbanjou preconceito e desinformação ao
declarar que crianças com deficiência atrapalham os demais estudantes numa sala
de aula. A declaração ofensiva expressa uma visão atrasada sobre o processo de ensino
e aprendizagem e é ainda mais revoltante ao ser expressa por quem ocupa o principal
cargo na gestão das políticas públicas para a educação no Brasil.

Na verdade, a inclusão é
benéfica para o aprendizado de estudantes com e sem deficiência
, pois
amplia a visão de mundo, permite o convívio com realidades diferentes,
valorizando o respeito à diversidade e a cooperação. Estudos recentes, como o
realizado na Universidade de Manchester em 2007 e na Escola de Educação de
Harvard em 2016, demonstram que a inclusão também pode contribuir de forma
positiva para o desempenho dos estudantes sem deficiência.

Além de ignorar o que os estudos
mais avançados demonstram sobre a inclusão, a declaração preconceituosa de Milton
Ribeiro culpabiliza individualmente estudantes com deficiência ao invés de
reconhecer que o sucesso da inclusão depende de investimento e políticas
públicas que são responsabilidade do governo.

Cabe ao poder público garantir formação
e uma rede de apoio especializado que complementa o trabalho do professor, composta
pelo Atendimento Educacional Especializado (AEE), pelos profissionais da
educação especial (apoio especializado, intérprete, professor de Braille, etc),
por profissionais da saúde e pela família.

A declaração do ministro também é
ultrapassada ao dividir de forma mecânica as necessidades de aprendizagem dos
estudantes em apenas dois grupos, negligenciando a diversidade de ritmos de
aprendizado, de limitações de foco e concentração e questões mais subjetivas
como a retração social. A educação inclusiva parte da perspectiva de que
todos os estudantes são diferentes e suas necessidades educacionais podem
exigir apoio e recursos diferenciados.

O SISMMAC e o SISMUC repudiam a
declaração do ministro e reafirmam seu compromisso com a luta pelo avanço da
inclusão, por investimento e condições para que ocorra com qualidade e promova
condições reais de acesso, participação e aprendizagem. Fazemos coro às
palavras do pequeno Eduardo,
filho da professora Emmanuelle Hauser, da
Escola Municipal Dona Lulu: Quem atrapalha o Brasil é o preconceito!

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