Depois de uma passeata da qual participaram centenas de guardas municipais em greve, na manhã de ontem, 22 de fevereiro, o prefeito Beto Richa acabou cedendo e negociou com a comissão de representantes dos trabalhadores pela primeira vez. A reunião ocorreu na Câmara Municipal, à tarde, na presença de outros secretários e vereadores, pouco antes de uma sessão solene de abertura dos trabalhos.
Os membros da comissão cobraram a apresentação de uma nova proposta salarial e ressaltaram as dificuldades vividas pelos guardas, atualmente. Em resposta, Richa afirmou que vai rever a posição da administração e que apresentará até hoje à tarde uma nova proposta, melhor do que a do último dia 12.
Na avaliação de Marcela Alves Bomfim, presidente do Sismuc, a reunião é um sinal da força da greve. “O prefeito só aceitou negociar porque a categoria está muito coesa em torno das reivindicações”, disse. A repercussão do movimento na imprensa e nas ruas da cidade teriam afetado a imagem do prefeito, que tem pretensões políticas para o governo do estado.
No final de semana o secretário de defesa social Itamar dos Santos havia afirmado a uma rádio da cidade que a greve não teria adesão da categoria. Ao contrário dessa suposição, a greve dos guardas municipais de Curitiba já é a maior da história desde a fundação da guarda, em 1989. O número de trabalhadores que participam da greve é estimado pela direção do Sismuc em 70% do total de 1.748 guardas municipais. Muitos dos que não participaram da passeata de hoje teriam aderido ao movimento, mas não puderam participar das manifestações devido ao segundo emprego.
Durante a manhã, os guardas se concentraram na praça Tiradentes e em passeata seguiram por algumas ruas do centro. Eles pararam em frente a um hotel onde ocorria a convenção do PSDB e gritaram palavras de ordem para exigir o atendimento das reivindicações, pois sabiam que Richa estava no local. Logo depois, o movimento deslocou-se até a Câmara Municipal para, mais uma vez, buscar uma negociação com o prefeito, o que acabou acontecendo.
Dentre as manifestações de apoio à greve estão a do presidente da CUT-PR Roni Anderson Barbosa, dos deputados estaduais Tadeu Veneri e Professor Lemos, dos vereadores de oposição, do Sismmac, do Sindicato dos Servidores do Judiciário, da APP-Sindicato, do Sindicato dos Correios e do Sindicato dos Policiais Civis, que também foram proibidos pela justiça de realizar a greve que começaria no último sábado.
Liminar
A liminar solicitada pela prefeitura que multa o Sismuc em R$ 10 mil por dia de greve ainda está mantida. A assessoria jurídica do sindicato ingressou com um pedido de cassação no Tribunal de Justiça do Paraná e aguarda resposta.
Fonte e fotos: Sismuc