No início de maio, os trabalhadores do ramo postal do estado decidiram pela desfiliação do Sindicato dos Trabalhadores nos Correios do Paraná (Sintcom-PR) da Central Única dos Trabalhadores (CUT). A decisão foi tomada com base nas discussões que os trabalhadores travaram antes e durante o Congresso da categoria, realizado em Guaratuba nos dias 1º e 2 deste mês.
Para além de se desfiliarem da CUT, os trabalhadores do ramo postal decidiram pela construção da Intersindical, Instrumento de Luta da Classe Trabalhadora.
Os trabalhadores do ramo postal, ou seja, carteiros, atendentes e operadores, também referendaram os quatro pilares já praticados pela direção do Sindicato e que o magistério conhece bem: organização por local de trabalho, formação política, autonomia frente a partidos políticos e independência de patrões e governos. Esses também são os princípios que norteiam a gestão Novos Rumos desde que assumiu a direção do SISMMAC, em agosto de 2011.
A direção do SISMMAC participou ativamente do Congresso do Sintcom-PR e esteve presente nas mesas de Movimento Sindical e de Gênero, para além das mesas de saudação e grupos de trabalho.
A degeneração da CUT
Os trabalhadores do ramo postal do Paraná também chegaram a mesma conclusão que as professoras e professores da rede durante o X Congresso do SISMMAC, em setembro de 2012. Ao longo dos anos, a CUT se distanciou da sua base, se burocratizou e já não luta mais ao lado dos trabalhadores.
Com o passar dos anos, a Central Única dos Trabalhadores reforçou a representação em detrimento da participação direta dos trabalhadores nas instâncias de decisão da entidade, passou a ter como principal objetivo dar suporte político para a eleição de parlamentares do Partido dos Trabalhadores e se burocratizou nos enfrentamentos com os patrões, preferindo reivindicar por meio das câmaras setoriais do que pela luta direta dos trabalhadores.
Dessa forma, a CUT passou pelo processo de atuar com os trabalhadores em seu início, para depois atuar pelos trabalhadores, com o reforço da representatividade e, de alguns anos para cá, tem empenhado esforços contra os interesses e necessidades dos trabalhadores.
Outros sindicatos que se desfiliaram da CUT
Em março deste ano, o Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do Sul – Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Cpers-Sindicato) também se desfilou da Central Única dos Trabalhadores. O Cpers é um dos maiores sindicatos da educação do país.
Em 2010, o Sindicato dos Trabalhadores e Servidores em Serviços Públicos do Saúde Pública e Previdência do Estado do Paraná (SindSaúde-PR) também se desfilou da CUT após um amplo debate durante o 5º Congresso da categoria.
Desde 2003, quando a CUT apoiou o governo Lula na aprovação da Reforma da Previdência, muitos sindicatos se desfiliaram da Central. Entre os exemplos das categorias que avaliaram que a CUT não luta mais ao lado dos trabalhadores estão os docentes e técnicos das universidades federais e os professores estaduais do Rio de Janeiro.
