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Conflito agrário faz mais uma vítima no norte de Minas Gerais

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cleomar

Nesta segunda-feira, dia 24 de novembro, trabalhadores da cidade e do campo realizam uma manifestação em Minas Gerais para exigir a punição dos responsáveis pelo assassinato de Cleomar Rodrigues de Almeida, um dos coordenadores da Liga dos Camponeses Pobres do Norte de Minas e Sul da Bahia.

Cleomar foi assassinado no dia 22 de outubro, no município de Pedras de Maria da Cruz, Minas Gerais. Ele foi morto com pelo menos dois tiros de espingarda em uma tocaia na estrada rural que dá acesso ao assentamento onde trabalhava e vivia com outras 35 famílias desde 2008. A autoria do crime ainda é investigada pela policia, mas os trabalhadores apontam como principal suspeito Marcos Gusmão, conhecido por Marquinhos, gerente da fazenda Pioneira e Boa Vista, de propriedade de Antônio Aureliano.

O crime está relacionado com os conflitos pela posse da terra na região. Desde 2009, as ameaças e atos de violências são praticados a mando de fazendeiros para expulsar os sem-terra do assentamento ‘Unidos com Deus, Venceremos’ e os pescadores da comunidade ‘Vazenteiros de Caraíbas’ da região. Em audiência realizada no Ministério Público no dia 9 de outubro, Cleomar denunciou os crimes, que vão desde o fechamento de uma estrada pública – o que impede a passagem do veículo que faz o transporte escolar das crianças da região – até o incêndio de barracos e pertences dos trabalhadores. Na tarde do mesmo dia em que Cleomar foi assassinado, outro morador do assentamento foi agredido com uma facada na cabeça, quando pescava numa lagoa marginal do Rio São Francisco.

A violência no norte de Minas Gerais não é um ato isolado. Segundo dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), no ano de 2013 foram 1.277 conflitos no campo. Por todo o Brasil, a luta pelo acesso a terra enfrenta a ação criminosa de pistoleiros e de milícias. Contratados pelos fazendeiros, esses grupos ameaçam camponeses, trabalhadores rurais, comunidades tradicionais indígenas e quilombolas para proteger os interesses de empresários do agronegócio a qualquer custo. Só no ano passado foram registrados 34 assassinatos, 241 ameaças de morte e 243 agressões.

A morte de Cleomar e as estatísticas sobre a violência no campo são provas do descaso com que o governo brasileiro trata a questão agrária. O número de terras cedidas para a reforma agrária diminuiu nos últimos anos e o mandato de Dilma (PT) está entre os que menos desapropriaram, ficando a frente apenas de Fernando Collor. Até agora, Dilma assinou 178 decretos de desapropriação de imóveis rurais. A expectativa é que o segundo mandato seja ainda mais difícil, já que a indicação de Katia Abreu (PMDB) para o Ministério da Agricultura demonstra uma aproximação ainda maior da presidente com grupos ruralistas contrários à reforma agrária.

O SISMMAC manifesta sua solidariedade aos familiares e companheiros de Cleomar. Seu exemplo de abnegação e de compromisso com a luta junto aos trabalhadores do campo continuará presente, servindo como inspiração para todos os que lutam por uma sociedade livre da opressão e da exploração. Unimo-nos à luta por justiça. Exigimos que os responsáveis pelo assassinato de Cleomar sejam punidos, que haja apuração de todas as denúncias realizadas pelos camponeses e que lhes seja assegurado o direito à terra e a uma vida digna.

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