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Falta de segurança nas obras da Copa do Mundo causa a morte de mais um trabalhador

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Morreu nesta quinta-feira (8) um operário que trabalhava na Arena Pantanal, estádio que sediará jogos da Copa do Mundo de 2014 em Cuiabá. Mohamed Ali Maciel Afonso, 32, foi vítima de uma descarga elétrica, recebeu atendimento no local e não resistiu.

A 35 dias do início da Copa do Mundo, a Arena Pantanal, a exemplo de outros estádios construídos para o mundial, ainda não está completamente concluída. Mohamed Ali Maciel Afonso era funcionário da Etel, empresa terceirizada que faz parte do consórcio responsável por telecomunicações no estádio, e trabalhava com acabamento na parte elétrica do aparato. Ele sofreu a descarga quando instalava uma luminária no corredor de acesso aos camarotes do setor leste.

O operário de Cuiabá é o nono a morrer em obras de estádios para a Copa do Mundo de 2014. Todos esses casos, entretanto, não podem ser tratados como simples acidentes de trabalho. Os relatos de excesso de carga horária, violação de direitos trabalhistas e de sobrecarga impostas aos operários nas obras demonstram que o respeito à vida dos trabalhadores está sendo colocada em segundo plano, em prol do lucro que os empresários terão com o campeonato.

Para garantir o lucro privado, o estado brasileiro abriu os cofres públicos. A expectativa é que as obras consumirão R$ 6,5 bilhões do orçamento federal e R$ 7,3 bilhões de governos locais (estaduais e municipais). Com isenção de cerca R$ 1 bilhão em impostos, o Mundial no Brasil vai render à FIFA, entidade que supostamente não tem fins lucrativos, a maior arrecadação de sua história: nada menos que de R$ 10 bilhões.

Por isso não é de se admirar que Pelé e outras figuras públicas tenham feito declarações em defesa dos investimentos na Copa. No dia 6 de abril, Pelé chocou o público ao declarar que a morte do operário Fabio Hamilton da Cruz, vítima das obras da Arena Corinthians, era algo normal. “O que aconteceu no Itaquerão, o acidente, isso é normal, coisas da vida. Pode acontecer. Acredito que não é assunto”, disparou.

Não podemos aceitar que o lucro de poucos continue se sobrepondo à vida e aos direitos da maioria da população trabalhadora!

Outras vítimas dos canteiros de obras da Copa do Mundo 2014

Em 11 de junho de 2012, o ajudante de carpinteiro José Afonso de Oliveira Rodrigues, 21 anos, caiu de uma laje no estádio Mané Garrincha, em Brasília. Em 27 de novembro de 2013, dois trabalhadores morreram após a queda do guindaste que levantava uma peça da cobertura do estádio corintiano Itaquerão: o operador Fábio Luiz Pereira, de 42 anos, e o montador Ronaldo Oliveira dos Santos, de 44.

O primeiro óbito em Manaus aconteceu em 28 de março de 2013, quando o corpo do pedreiro Raimundo Nonato Lima Costa, de 49 anos, foi encontrado por trabalhadores do turno noturno da obra. Segundo testemunhas, Costa caiu enquanto caminhava sobre uma viga a 4 metros de altura.

Outros dois acidentes aconteceram no Amazonas em 14 de dezembro. Marcleudo de Melo Ferreira, 22 anos, que trabalhava na instalação dos refletores do estádio no turno da madrugada também sofreu uma queda e morreu. Horas depois, o operário José Antônio da Silva Nascimento, de 49 anos, que trabalhava no serviço de limpeza e terraplanagem, teve um infarto enquanto trabalhava.

A lista de mortes em obras da Copa ainda tem Antônio José Pita Martins, que trabalhava na desmontagem de um guindaste em terreno vizinho à Arena da Amazônia, e Fabio Hamilton Cruz, que caiu enquanto montava plataformas na estrutura móvel do Itaquerão.

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