8M: o discurso conservador e o aumento do feminicídio

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Histórias de agressões às mulheres e de
feminicídios são notícia todos os dias. Ainda assim, por vezes pode parecer que
essa violência está distante de nós, mas basta olhar as estatísticas para
perceber que toda mulher é uma vítima em potencial.

O Brasil é hoje o 5º maior país em
número de feminicídios do mundo
, e com um governo conservador que odeia
mulheres esse número só tem aumentado. Um levantamento feito pelo G1 mostra que,
em 2019, o número de feminicídios aumentou cerca de 7,3% em relação a 2018.
Isso representa mais de 1314 mulheres assassinadas só pelo fato de serem
mulheres.
Em São Paulo, foram mais de 154 casos durante o ano, além do
aumento de 4% no número de estupros. Vale ressaltar que oito em cada dez
casos de feminicídio de 2019 ocorreram dentro da casa das próprias vítimas.

Do lado de cá, os dados alarmantes, do
outro lado, um governo reacionário que vem promovendo uma ampla política de
ataques aos direitos das mulheres trabalhadoras.

O ódio às mulheres e o machismo destilados por Bolsonaro ficam claros quando ele e
Damares cortam mais verbas do orçamento da Secretaria da Mulher e acabam com o
programa “Casa da Mulher Brasileira”, deixando mulheres vítimas de violência
desamparadas.
Desde 2015 as verbas destinadas à Secretaria da Mulher
têm sofrido cortes intensos, em quatro anos houve redução de R$ 119 milhões
para R$ 5,3 milhões. Essas medidas mostram que além de não se importarem com
nossas vidas, também não hesitam em retirar nossos direitos.

A postura de Bolsonaro é reforçada por
governantes conservadores que se somam para defender projetos como “Escola Sem
Partido”, na tentativa de abafar os debates que as mulheres têm colocado nas
escolas, nas ruas e nas suas casas, em defesa de suas vidas.

E, além do discurso machista, os
ataques à educação, à saúde e aos direitos trabalhistas têm mostrado que a
política de Bolsonaro veio para aprofundar as péssimas condições de vida das
mulheres. Faltam creches e escolas para os filhos e filhas das mulheres
trabalhadoras, os salários permanecem menores do que os dos homens e a Reforma
da Previdência desconsiderou mais uma vez a dupla e até tripla jornada de
trabalho das mulheres.

Mulheres negras são
as maiores vítimas de feminicídio

E o cenário violento é ainda mais marcante para
mulheres negras. O Mapa da Violência mostra que enquanto o homicídio de mulheres negras
teve um crescimento de 54,2% entre 2003 e 2013, no mesmo período, o homicídio
de mulheres brancas caiu 9,8%.

De acordo com o Instituto Igarapé no Rio de Janeiro, as mulheres negras
não só são as maiores vítimas entre casos de feminicídio, mas também em relação
aos demais tipos de violência, chegando a 51% do número total de violência no
estado. Essa realidade está também no nosso cotidiano: em 2016, o Paraná teve a
maior taxa de homicídios de mulheres negras do país.

E como se não bastasse a violência contra si, a mulher negra também
experimenta com maior intensidade a violência contra seus filhos, irmãos e
companheiros. De acordo com o Mapa da Violência de 2012, dos cerca de 30 mil
jovens entre 15 e 29 anos assassinados por ano no Brasil, 93% são homens e 77%
são negros.

É importante destacar que as mulheres negras fazem
parte da maioria das trabalhadoras terceirizadas no Brasil, sofrem com a tripla
jornada de trabalho e ocupam cargos cada vez mais precários. O racismo e o
machismo são potencializadores da exploração das trabalhadoras e dos
trabalhadores que têm suas condições de vida rebaixadas e são sugados pelos
patrões e governos.

Nossa luta é a luta da classe trabalhadora, lado a
lado contra o fim de toda exploração e opressão.

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