22 de janeiro: quatro anos da desocupação Pinheirinho em São Paulo

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pinheirinho
No
dia 22 de janeiro de 2012, mais de 2 mil policiais militares,
respaldados pelo Poder Judiciário e o Governo de São Paulo, invadiram a
ocupação Pinheirinho na cidade de São José dos Campos, interior de São
Paulo. Com um aparato de guerra, que incluiu helicópteros, cavalaria e
cães, e tropa de choque, os policiais cercaram a área e usaram bombas de
efeito moral, gás lacrimogênio e de pimenta, balas de borracha contra
os moradores desavisados, entre crianças e idosos. 1,9 mil famílias
foram expulsas de suas casas de forma violenta e não puderam recolher
móveis, roupas e, até, documentos. Para relembrar a data e reforçar a
luta por moradia e justiça será realizado um debate com o tema
“Pinheirinho: quatro anos depois”, nesta sexta-feira (22) na sede do
Sindicato dos Metalúrgicos, em São José dos Campos.

Reconhecida
no Brasil por ser uma das maiores ocupações urbanas, e
internacionalmente pelo exemplo de organização estrutural, Pinheirinho
era uma área abandonado há mais de 30 anos com 1,3 milhão de metros
quadrados e que servia à especulação imobiliária do investidor Naji
Nahas. No dia 26 de fevereiro de 2004, centenas de famílias ocuparam o
terreno, muitas inscritas há anos em programas habitacionais e nunca
chamadas pela prefeitura da cidade. Com o passar dos anos, a ocupação
cresceu e se tornou um “bairro”, com casas, comércio, ruas, praças,
pequenas plantações, igrejas e, principalmente, moradores organizados e
dispostos a lutar por suas casas. Estima-se que a ocupação chegou a
contar com 9 mil moradores.

Ainda hoje, as famílias expulsas do
Pinheirinho estão à espera das casas próprias prometidas pelos governos
federal, estadual e municipal, após muita luta dos ex-moradores do
antigo Pinheirinho que forçaram o governo a construir um novo conjunto
habitacional para as vítimas daquela terrível violência. No entanto, a
entrega das casas, prevista para março deste ano, boa parte das obras de
infraestrutura não foi feita, como encanamentos e rede de esgoto, por
exemplo. Desde a desocupação, elas vivem em casas pagas com o
bolsa-aluguel de R$ 500, valor que nunca foi reajustado.

Enquanto
isso, o terreno da antiga ocupação Pinheirinho permanece abandonado,
sem função social. O processo que deu origem à ação de despejo ainda
está sendo questionado na Justiça. Moradores reivindicam a anulação da
ação e que a área seja destinada à habitação popular.

Quatro anos depois: não esquecer a luta jamais!

No
dia em que completará quatro anos da desocupação do Pinheirinho, o
Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e a CSP-Conlutas
realizarão o debate “Pinheirinho: quatro anos depois”, às 19h, na sede
do Sindicato, para relembrar a violenta desocupação e discutir também os
reflexos da crise econômica políticas habitacionais no país.

O
arquiteto e urbanista Kazuo Nakano, mestre em Estruturas Urbanas e
doutor em Demografia, participará do debate ao lado de Helena Silvestre,
da coordenação nacional do Movimento Luta Popular. O coordenador do
debate será Toninho Ferreira, advogado e liderança das famílias do
Pinheirinho. “Quatro anos depois da reintegração de posse do
Pinheirinho, o Estado segue alheio ao direito de moradia, à vida de
milhares de pessoas, a maioria mulheres, crianças e idosos. Portanto, a
luta em defesa de milhares de sem-teto em todo o país continua”, afirma
Toninho Ferreira.

Simultaneamente ao debate, acontecerá o
lançamento da exposição fotográfica “Retratos do Pinheirinho” que
mostrará os diferentes momentos vividos pelas famílias do Pinheirinho
antes, durante e depois da desocupação

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