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SME burocratiza cada vez mais o trabalho pedagógico das unidades

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Que o trabalho do pedagogo é bastante burocratizado há muito tempo
na nossa rede municipal todos nós já sabemos.

Porém, na pandemia isso tem se intensificado! Com a possibilidade de
formação online e utilização dos celulares para chamada de Meet,
virou moda a Secretaria Municipal de Educação (SME) chamar e dizer
que é “obrigatória” a participação das escolas em todos os
eventos da secretaria. Isso varia desde formações pertinentes ao
atendimento dos estudantes, que podem vir a somar no cotidiano da
escola, até reuniões intermináveis em que se tenta salvar o
ano letivo indicando fórmulas mágicas para que nos desdobremos e
que consigamos recuperar o irrecuperável, a perda pedagógica com
o ensino remoto.

É claro que já sabíamos que essa conta recairia sobre o chão
da escola.
E como docentes que somos, não devemos nos negar a
realizar formações e pensar em como garantir o aprendizado do
estudante.

O problema está no sentido de que nosso currículo está
submetido a uma lógica automática e perversa
, vinculada às
perspectivas de avaliações externas como o SAEB.

Deste que retornamos o ensino presencial da forma híbrida, temos nos
desdobrado para diagnosticar o nível de aprendizado, retomar
conteúdos básicos, elaborar atividades e pensar em ações que
envolvam os estudantes. Além disso, temos buscado garantir o
acompanhamento dos alunos remotos através de contato constante com
as famílias, realização e correção de atividades. Tudo isso
porque acreditamos na educação.

Porém, ultrapassando os limites da perspectiva democrática, a
gestão Greca tem sobrecarregado as escolas com planilhas de provas,
aplicação da prova Curitiba de uma hora pra outra, formações,
fóruns, reuniões “obrigatórias” que devem ser feitas online,
com presença na unidade
, o que piora ainda mais o trabalho, pois
se o professor e pedagogo estão na escola, tem automaticamente
outras demandas e acompanhar as formações fica conturbado e muitas
vezes insuportável. Além disso,
há também o problema da péssima qualidade da conexão Wi-Fi nas
unidades escolares. Enquanto a Prefeitura insiste que os professores
devem estar presentes nas unidades para acompanhar essas atividades,
não garante as condições adequadas e nem a estrutura para que isso
aconteça!

Só neste último mês, os professores e pedagogos da rede foram
chamados a participar da Semana Cultural, formação dos cadernos de
transição, aplicação da prova e planilhamento da prova Curitiba,
preenchimento de diferentes relatórios com as retomadas dos
atendimentos do CMAEE e outros órgãos do DIAEE, elaboração do
planejamento trimestral de acordo com a retomada de conteúdos das
vídeo-aulas, realização de pré-conselho de classe, Semana
pedagógica, e agora, já no início de setembro, de uma semana para
outra fomos surpreendidos pela Semana Paulo Freire, que visa promover
o debate sobre o PPP. Em vésperas de organização de conselho de
classe, ficará muito difícil qualquer reflexão ser qualificada,
quem dirá numa perspectiva crítica.

Diante de tudo isso, há também a ironia da homenagem da gestão
Greca ao educador e filósofo 
brasileiro Paulo Freire,
uma vez que a Prefeitura 
sempre adotou
uma postura totalmente contrária 
aos princípios do
homenageado, como a educação emancipatória e a gestão democrática
nas escolas.

Para a SME parece que é mais importante as datas e promover a
propaganda de suas ações pedagógicas do que realmente dialogar com
as necessidades do chão da escola.

A construção do PPP requer diálogo, estudo e planejamento
coletivo. É lamentável que se inicie desta forma, imposta pela SME.

Ressaltamos que a formação não é obrigatória, pois se o
professor está presente na unidade, está cumprindo o seu horário
de trabalho. No próprio ofício da SME que orienta a formação,
está claro que a formação é obrigatória apenas para quem deseja
certificação.

Neste sentido, sem Plano de Carreira, sem valorização por tempo de
serviço nos questionamos de que vale participar dessas formações
que em vários momentos nos exaurem e não tem acrescentado em nosso
cotidiano?

Fica a reflexão para nós professores e professoras comprometidos de
fato com a educação pública da cidade, mas que não aceitam esse
controle e engessamento.

Fazer um debate pedagógico na escola de forma autônoma e coletiva é
tarefa quase impossível! Tempos difíceis! Precisamos recuperar a
força, o fôlego e seguir para o enfrentamento da burocracia!

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