Os profissionais do magistério convivem há muito tempo com
as idas e vindas, discussões e orientações do modelo “ideal” de registro de
acompanhamento da aprendizagem escolar.
A Secretaria Municipal de Educação (SME) deu continuidade ao
instrumento demonstrativo de aprendizagem padronizado, o Percurso Individual de
Aprendizagem (PIA), iniciado pela gestão Fruet.
Entretanto, após diversas queixas dos professores da rede, a
administração diminuiu a quantidade de critérios de avaliação para o
preenchimento nas planilhas e renomeou o instrumento, que agora chama-se
Avalia. Esta já é 2ª versão da avaliação este ano, mas ajustes ainda são
necessários. É importante ressaltar que o mecanismo utilizado pela
administração para coletar sugestões dos servidores, formulário online, não
qualifica e nem garante espaços democráticos para as discussões coletivas.
As pedagogas que fazem o encaminhamento dos processos de
avaliação do trabalho pedagógico nas unidades relatam dificuldades em organizar
o preenchimento do Avalia com os professores. A orientação da SME é de que as
avaliações sejam armazenadas na nuvem, mas os equipamentos de informática e a
qualidade do serviço de internet são insuficientes para atender a demanda e,
além disso, as unidades são alvos frequentes de arrombamentos e roubos.
Outro fator que gera angústia entre os professores e a
equipe pedagógica a cada encerramento de trimestre é a reunião com as famílias
para a entrega do Avalia.
As turmas estão superlotadas e falta tempo para lançar os
dados! O problema é ainda maior para os professores das áreas, que atendem em
torno de sete turmas por período. Ou seja, é difícil garantir uma verificação
de aprendizagem considerando a individualidade, potencialidades e com a devida
atenção que os alunos precisam. Além disso, o Avalia não contempla os alunos
com necessidades especiais.
Precisamos discutir cada vez mais esses formatos
padronizados que não traduzem a realidade de nossas unidades escolares,
burocratizam o trabalho pedagógico e colocam alunos em planilhas.
Padronização das avaliações em Curitiba
Em 2012, segundo a Secretaria Municipal da Educação, foram
verificados 179 modelos de pareceres diferentes na rede. Isso incentivou a
padronização dessa ferramenta.
Mas a quantidade de pareceres distintos é decorrente do fato
das unidades discutirem e analisarem as melhores formas de registro da
aprendizagem dos alunos, principalmente para levar ao conhecimento das
famílias, por meio da construção do Projeto Político-Pedagógico.
Apenas dessa forma é possível seguir o que prevê o art. 12º,
da LDB: VII – informar pai e mãe, conviventes ou não com seus filhos, e, se for
o caso, os responsáveis legais, sobre a frequência e rendimento dos alunos, bem
como sobre a execução da proposta pedagógica da escola.
Cenário Nacional
Há uma forte tendência no Brasil de uniformizar os processos
de ensino. Para isso, o governo aposta em avaliações de larga escala e índices
que geram competição e retrocessos no campo da educação emancipadora.
Padronizar instrumentos de aprendizagem não é suficiente
para garantir reflexão e diálogo com as famílias e os profissionais. É preciso
acompanhamento efetivo de todos os envolvidos nos processos educativos. Resumir
o sucesso ou insucesso em planilhas, geradas numa linha de produção ou num
copie e cole de pareceres descritivos, está muito aquém do necessário.