O prefeito Rafael Greca (PMN) afirma, por meio das redes sociais, uma parceria com
o governo da Finlândia. A parceria permitirá que 20 professores da rede façam
intercâmbio pedagógico para o país por ano.
Segundo o prefeito, será ofertada uma viagem à Finlândia para uma
professora e uma pedagoga de cada uma das 10 escolas com melhor Índice de
Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de Curitiba.
Com
esse anúncio, o prefeito escancara a verdadeira intenção da avaliação que, na
realidade, gera competição e ranqueia as unidades de educação pública sem
considerar a realidade social das comunidades entorno da escola e as condições
de trabalho dos professores.
Além
disso, o Ideb garante o controle dos conteúdos trabalhados e prioriza as
disciplinas de língua portuguesa e matemática em detrimento de outras, não
menos importantes para a formação humana. Essa é uma lógica imposta pelas
agências internacionais aos países da periferia do capitalismo! Trata-se de
mais uma forma de controlar e garantir que a formação escolar ofereça o mínimo
de instrumentalização para que a classe trabalhadora seja explorada, porém, não
vislumbre qualquer capacidade de criticar o sistema.
Em
2015, acompanhamos o episódio absurdo de professores que foram coagidos a ir em
formações que apresentavam planejamentos prontos para serem aplicados em sala
de aula, esses planos estavam baseados no que seria cobrado nas provas. Nesse
período, as professoras dificilmente conseguiram planejar outros conteúdos. Além
disso, sabemos que sempre ocorre pressão para que os alunos não sejam
reprovados e a preocupação está longe de ser com o aluno, mas, sim, com
possíveis baixas no Ideb da cidade.
Para além de queimar os jalecos, é
preciso queimar ilusões
No
dia da votação do pacotaço que congelou nossas carreiras, as professoras da
rede municipal queimaram os seus jalecos. Essa ação teve um significado muito
forte, pois mostrou que os professores estão extremamente desmotivados com a
profissão. Não podemos deixar de responsabilizar os governos de plantão por
essa desmotivação. A administração municipal retira direitos do magistério
sistematicamente, assim como de toda a classe trabalhadora curitibana, para privilegiar
e ampliar os lucros dos empresários.
#@txt619@#Para
muitos professores, a queima do jaleco – um dos instrumentos de trabalho –
significou abandonar as ilusões de que a educação pode sozinha mudar o mundo. Ou
de que nós, professores, somos responsáveis pela melhoria da educação pública
como a classe dominante quer nos fazer crer.
A
Prefeitura, ao invés de buscar investir em condições de trabalho e valorização
dos professores, usa a lógica da premiação e ranqueamento para “incentivar” as
escolas a correr atrás de um índice que não é fiel e não indica a real condição
de aprendizagem das escolas. Busca nos fazer acreditar que, com nosso mérito
individual, vamos melhorar a qualidade da educação de Curitiba.
#@arq620@#A
lógica é tão perversa que Greca ainda afirma que precisamos buscar mais luz na
Finlândia, insinuando que a melhoria da aprendizagem depende só do professor e
da escola. É bom lembrar que a Finlândia é um país totalmente diferente do
nosso, com outros índices sociais e de desenvolvimento humano.
É
preciso separar o que é avaliação em larga escala do que é a avaliação da
aprendizagem realizada pelo coletivo de professores de acordo com seus
critérios e organização dos conteúdos.
