Emboscada mata dois trabalhadores rurais em Quedas do Iguaçu

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Na última quinta-feira (7), dois
trabalhadores rurais foram brutalmente assassinados, no município de Quedas do
Iguaçu, na região central do Paraná. O crime ocorreu durante uma operação da
Polícia Militar no Acampamento Dom Tomas Balduíno, que deixou outros sete
trabalhadores feridos.

Não havia ordem de reintegração
de posse para área. A Polícia Militar alega que estava no local para conter um
suposto foco de incêndio criminoso. Entretanto, as características da operação levantam a hipótese de uma emboscada organizada pela Polícia Militar
e por seguranças da Araupel. Além de os trabalhadores terem sido alvejados
pelas costas, a operação foi conduzida por uma equipe da Rondas Ostensivas
Tático Móvel (Rotam).

Foram assassinados os trabalhadores rurais, Vilmar
Bordim, de 44 anos, casado, pai de três filhos e Leomar Bhorbak, de 25 anos,
que deixa a esposa grávida de nove meses.

Infelizmente, a morte desses dois trabalhadores não é um fato isolado. São frequentes as ameaças, atentados e atos de violências praticados
a mando de fazendeiros com o objetivo de coagir e expulsar os trabalhadores sem-terra.  O
que mais choca neste caso é a participação criminosa da Polícia Militar,
que agiu como braço armado da empresa Araupel na emboscada aos trabalhadores.

Emboscada

Segundo o relato das vítimas que
sobreviveram ao ataque, cerca de 25 trabalhadores foram surpreendidos pelos
policiais e seguranças entrincheirados na estrada, há 6 km da entrada do
Acampamento.

O veículo foi alvejado e os
trabalhadores Sem Terra correram mato a dentro em direção ao acampamento, na
tentativa de fugir dos disparos que não cessaram. Em relato, a Polícia Militar
admite que os dois corpos foram recolhidos de dentro da mata. Todas as vítimas
foram baleadas pelas costas, o que deixa claro que estavam fugindo e não em
confronto com a PM e seguranças.

As vítimas também denunciam que o
local onde ocorreu a emboscada ficou isolado pela PM por mais de duas horas,
impedindo o socorro dos feridos. Além de bloquear qualquer outra pessoa que se
aproximasse para socorrer e documentar a cena do crime a polícia removeu as
vítimas sem a presença do IML, bem como, os objetos da cena do crime.

Disputa pela Terra

A emboscada ocorreu dentro da Fazenda
Rio das Cobras. A propriedade dessas terras é o centro de uma grande disputa
que envolve a União, através do Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária (INCRA), a empresa Araupel e os trabalhadores rurais Sem Terra que há anos
lutam pela reforma agrária e pelo direito de produzirem na região.

A disputa judicial pela posse
dessas terras tramita desde 2004. Em
2015, a justiça federal constatou que a empresa Araupel não possui título
legítimo de compra da área, que foi adquirida através de grilagem. A decisão da justiça determina que a área é pública
e pertence à União, portanto, devem ser destinadas para a reforma agrária.

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