Na mídia: 40% dos professores afastados por saúde têm depressão

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Uma pesquisa do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado
de São Paulo (Apeoesp) revela que 40% dos professores afastados por
problemas de saúde, quatro tiveram algum tipo de transtorno
psiquiátrico. Os diagnósticos mais comuns foram ansiedade e depressão. O
problema é agravado, segundo os docentes, pelo excesso de trabalho e
pela falta de respeito na sala de aula.

Passar as tarefas, tirar dúvidas e ainda pôr ordem na sala. O desafio é
diário e a saúde pode não resistir. Mas de acordo com o estudo, os
problemas nas cordas vocais e as dores musculares deram espaço ao
desânimo, aos pensamentos perturbadores e às mãos trêmulas.

A vida da professora Elaine Cristina Molina Gil mudou há três anos,
depois que ela entrou em depressão. São oito remédios por dia, alguns
com tarja preta. Elaine deu aula em escolas públicas por 22 anos, mas
não resistiu à pressão.

Ela já tirou 12 licenças médicas e há quase um ano está afastada do
trabalho. Elaine lembra que era difícil a relação com os alunos. “O
pouco interesse, a bagunça, a conversa, o desrespeito. E quando você
chama o pai ele diz que não pode fazer nada. Eu comecei a sentir uma
angústia e me perguntei o que estou fazendo aqui?”, desabafou.

O estudo revelou ainda que 59% dos educadores com depressão não têm
acompanhamento médico regular. Para o diretor da Apeoesp em Araraquara
(SP), o excesso de trabalho é um dos vilões. “A maioria dos professores
tem dupla ou tripla jornada de trabalho, muitas vezes ultrapassando 11
horas de trabalho com aluno e isso certamente não é recomendável”,
afirmou Ariolvaldo de Camargo.

Ele diz que as condições de trabalho também prejudicam a saúde do
docente. “A pressão que o professor sofre no dia a dia dentro da sala de
aula é muito grande. As nossas escolas mais parecem verdadeiros
presídios, porque estão todas cheias de grades e telas, e esse
evidentemente não é um ambiente adequado para que se possa desenvolver
um processo de ensino-aprendizagem”, analisou Camargo.

Consultório

Por mês, o psiquiatra Marcos Nogueira, atende, em média, três
professores da rede estadual. E os relatos são muito parecidos. “A falta
de respeito, a falta de educação e violência por parte dos alunos”,
comentou Nogueira.

Os sintomas revelam o quadro vivido nas salas de aula. “Sintomas de
depressão, por exemplo, palpitação, mão gelada, falta de ar. A pessoa
começa a perder o ânimo de fazer as coisas, ela tem uma tristeza muito
grande, deixa de fazer aquilo que ela mais gostava, ir ao cinema,
passear, ela não consegue mais”, explicou o médico.

O psiquiatra conta que na maior parte dos casos, os docentes precisam
ser afastados. E muitos têm dificuldade em retornar à sala de aula. “Se
El não fizer direito o tratamento e não fizer uma terapia de apoio para
suportar a situação, recai na doença”, reforçou Nogueira.

Estado

A Secretaria da Educação do Estado de São Paulo informou, por meio de
nota enviada pela assessoria de imprensa, que o programa “Educação com
saúde”, criado para oferecer assistência médica preventiva aos
servidores da educação e suporte para os que já apresentam problemas de
saúde, está sendo expandido para o interior do Estado. O texto ressalta,
ainda, que o corpo docente vai aumentar: 10,8 mil devem entrar na rede
no ano que vem.

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